Operação da Polícia Civil RS desarticula quadrilha que aplicava o golpe do cartão clonado

Na manhã desta terça-feira (08/12), a Polícia Civil deflagrou a Operação Alcateia, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em aplicar em idosos o Golpe do Cartão de Crédito Clonado. 

Após investigações realizadas pela Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância de Santa Maria (DPICOI) e pela 1ª DP de Pelotas, foram cumpridos em São Paulo 67 mandados de busca e apreensão e 20 mandados de prisão preventiva. Na ação, 16 pessoas foram presas, entre as quais dois líderes da organização. Foram apreendidos diversos objetos relativos aos golpes, inclusive duas centrais telefônicas.

Estima-se que o valor de prejuízo às vítimas totalize mais de R$ 550.000. Já foram identificadas 43 pessoas com participação direta e indireta nos crimes, entre as quais “motocas", responsáveis pela busca dos cartões,  “telefonistas”, responsáveis pelo trabalho de instalação da central com o sistema “URA” e também pelo local de onde são feitas as ligações,  “fiscais” responsáveis por fiscalizar as transferências bancárias, e “laranjas”.

Segundo as investigações, a empresa "Direct Já" vendeu aos criminosos dados de 62 mil vítimas, como nome completo, data de nascimento, endereço, telefones, e-mail, escolaridade, profissão, tipo de internet, renda, banco e agência bancária.  

De acordo com a Polícia, a organização criminosa praticava crimes em diversos estados, entre os quais o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Piauí, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 

 

Como ocorre o golpe

O golpe começa com uma ligação para a vítima, na qual o criminoso se identifica como funcionário de uma central de monitoramento de cartões e solicita confirmação de supostas compras. Quando relata que não realizou as compras, a vítima é orientada a ligar para o número no verso de seu cartão. Porém, os criminosos desviam a sua ligação por meio de uma central telefônica que tem instalado o sistema “URA” (equipamento para call center).

Outro criminoso atende a ligação e se identifica como funcionário de uma central de segurança do banco. Ele confirma que o cartão da vítima foi clonado e que estão sendo feitas compras. Para isso, diz que é necessário fazer o bloqueio do cartão. A vítima é orientada a inserir dados pelo teclado do telefone, dentre os quais a senha do cartão.

Em seguida, a orientação é para que corte ao meio o  cartão bancário, sem danificar o chip e escreva uma carta de contestando compras e autorizando uma “investigação junto ao banco e polícia civil ou federal”. Por fim, a vítima entrega o cartão cortado e a carta, dentro de um envelope lacrado (com cola e grampos), a um falso representante do banco.

Assim que têm em mãos a senha da vítima, são feitos saques e compras via máquinas de cartão débito/crédito, que estão em poder do indivíduo que apanhou o cartão. Ao mesmo tempo, o criminoso que está falando com a vítima solicita que o seu celular seja desligado por algumas horas, para que sejam feitas atualizações de segurança. Isso faz com que a vítima não receba alertas enviados pelo banco a respeito dos saques, compras e transferências efetuados pelos golpistas.