Opinião – A pandemia da COVID-19 e as aulas práticas no Ensino Superior: importância para o processo de ensino-aprendizagem


 

No atípico ano de 2020, uma pandemia e uma conseguinte quarentena foram e ainda são vivenciadas por todos ao redor do mundo. Tal acontecimento se deve ao surgimento de um novo coronavírus, na China, no final de 2019. O mês de março iniciou com um aumento expressivo de casos da COVID-19 (Coronavírus disease 2019) fora da China, afetando principalmente a Europa e, na metade do mesmo mês, as Américas, incluindo o Brasil. 

Com a necessidade do isolamento social, todo o sistema de ensino, incluindo o Ensino Superior, precisou se adequar em tempo recorde para dar continuidade no processo de ensino e aprendizagem, passando por mudanças rápidas para garantir que as aulas continuassem a acontecer. Professores e estudantes, compulsoriamente, foram forçados a realizarem todas as suas atividades fora das “paredes” da sala de aula, além de permanecerem distantes fisicamente. O sistema educacional não estava preparado para tal situação, exigindo, assim, de todos uma postura ainda mais enérgica e uma discussão efetiva para tornar esse momento um tempo de aprendizado e crescimento social e profissional (FAUSTINO & SILVA, 2020). 

No sul do Brasil, as Universidades Comunitárias continuaram suas atividades de graduação e pós-graduação com o modelo de ensino digital síncrono (on-line). Nesse modelo, estudantes e professores se reúnem através de plataformas digitais no mesmo dia e horário marcados para as atividades presenciais antes da pandemia, mas cada um na sua casa, mantendo assim o isolamento social. 

Um problema marcante dos professores que atuam na educação é conseguir despertar o interesse dos estudantes para a apropriação dos conteúdos abordados em todas as disciplinas de sua formação. E em 2020 o desafio tornou-se ainda maior, pois a quarentena imposta a todos trouxe novas “velhas” questões, tais como: a fragilidade do uso das tecnologias para o ensino e aprendizagem, a disponibilidade de recursos para todos os estudantes e a impossibilidade de realização de atividades práticas presenciais. 

Por volta do mês de setembro, devido a uma queda no número de infectados, começou uma flexibilização nos Decretos Estaduais e Municipais, tornando possível a realização de atividades presenciais pelas instituições de ensino. 

A Universidade de Caxias do Sul optou pela continuidade de seu ensino durante todo o corrente ano no formato síncrono (on-line). No entanto, atendendo a todos os protocolos e normativas em relação à biossegurança dos Comitês Municipais e Decretos Estaduais e Municipais, em especial as orientações da ‘cor’ da bandeira no Modelo de Distanciamento Controlado do RS, possibilitou o retorno de atividades práticas presenciais. 

Historicamente é inegável que as atividades práticas têm um papel fundamental na aprendizagem. As aulas práticas em seu desenvolvimento tendem a reproduzir o método científico. Devem permitir que os estudantes aprendam como desenvolver soluções para problemas complexos (PRESTES & RODRIGUES, 2016). 

Além disso, cabe salientar que as aulas práticas são necessárias para que o aluno possa vivenciar a realidade do assunto que está sendo abordado de forma teórica. Trata-se de uma excelente estratégia que contribui na complementação do(s) assunto(s) orientado(s) pelo docente. Para o aluno, é uma oportunidade de ampliar o aprendizado e possibilita a construção de novas opiniões e visões sobre um mesmo tema (PRESTES & RODRIGUES, 2016). 

Complementar as aulas teóricas com as práticas permite uma reflexão sobre os fenômenos que acontecem à sua volta, incitando a discussão e o diálogo sobre os conteúdos de forma que as aulas sejam ativas. Os alunos expõem suas ideias, aprendem a compartilhar com seus colegas e professores, bem como podem indagar sobre as suas percepções dos assuntos (LEITE et al., 2005). 

Os estudantes da Universidade de Caxias do Sul, em todos os seus Campi, retomaram as aulas práticas previstas nos planos de ensino das disciplinas para complementar os conhecimentos obtidos de forma teórica. Para cada aula prática ocorre uma programação que envolve os conteúdos práticos específicos das disciplinas que serão desenvolvidos, bem como o protocolo de cuidados protetivos à COVID-19. Esses cuidados envolvem a higienização das salas, laboratórios, consultórios, determinação dos espaços utilizados mantendo o distanciamento entre os estudantes, uso de EPIs, entre outros. Observa-se, também, a capacidade dos espaços de práticas respeitando o distanciamento, além de todos os cuidados pessoais, que incluem: uso de máscaras, luvas, álcool em gel, óculos de proteção, protetor facial. 

O ano de 2021 trouxe para toda comunidade acadêmica muitos desafios e aprendizados. No entanto, com todo o cuidado e atenção, estamos conseguindo manter os estudos de nossos estudantes através das aulas síncronas e práticas, permitindo a construção do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades específicas mesmo durante a pandemia.
 

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