Opinião – Alguém que eu amo morreu: preciso de ajuda para atravessar o luto?

Por Franciele Sassi
Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, Especialista em Luto, Separação, Perdas. Especialista em Relacionamentos Intervenção em Traumas, Emergências e Suicídio.

 

Parkes, importante pesquisador sobre o tema do luto, fala que amor e dor são dois lados de uma mesma moeda. Onde há formação de um vínculo afetivo, há também o sofrimento diante da perda do que foi construído em vida. Não é à toa que perdemos parte de nós mesmos junto com quem partiu.

Sensações de vazio, solidão, falta de sentido, tristeza, desesperança e revolta são alguns dos sentimentos e reações mais relatados por quem passou por uma experiência de perda. Não pudera menos… é todo um mundo que nos é familiar e nos gera segurança que também se modifica. O luto nos lança para uma dimensão totalmente desconhecida e nos convoca a olhar para nós mesmos, de forma que possamos, um passo de cada vez, nos (re) conhecermos dentro de um novo universo.

Também é importante dizer que, embora perder seja doloroso, luto é parte de tudo o que vivemos. Eu costumo dizer que não precisamos ter que sentir dor ou perder para aprendermos coisas. Mas é inevitável que, ao longo da nossa existência, passamos por diferentes transformações que vão nos ajudando a desenvolver, evoluir. Então, luto é um processo, uma caminhada com diferentes trajetos que podem contribuir para que a gente olhe para dentro, aprenda a sentir e a dar valor aos sentimentos, para tudo aquilo que podemos guardar como lembrança boa e que pode nos ajudar a ir adiante.

As pessoas que amamos e que partiram jamais serão esquecidas, pois encontram um lugar para sempre dentro de nós. Não deixamos de amá-las, apenas aprendemos a amar em separado. E mesmo que o processo do luto nem sempre demande atendimentos especializados (não, nem todos precisam de acompanhamento, ficar triste ou com raiva e podem chorar também), algumas pessoas buscam propostas de cuidado para se entenderem melhor neste percurso, o que se torna benéfico e amparador para os momentos mais difíceis. 

Sabemos que evitar falar sobre o assunto, fingir que nada mudou e tentar tocar a vida exatamente como antes são estratégias que não funcionam, inclusive, porque forçam a realidade da perda e causam ainda mais dor e sofrimento. Então, o segredo é munir-se de pensamentos e ações que busquem o resgate de si mesmo, ferramentas de autocuidado que estiverem acessíveis a cada um e que são compostas por coisas que a gente gosta de fazer, que nos ajudem a distrair, a retomar um fôlego, além de pessoas com quem a gente possa contar, em quem possamos confiar. Afinal, a caminhada fica menos penosa quando estamos acompanhados (do prazer de ser com nós mesmos ou com os que estão à nossa volta).


Franciele Sassi | Psicóloga
(54) 99934 1643 | franciele.sassi@hotmail.com