Opinião: Educação e tecnologia em tempos de pandemia


 

A educação é um processo que envolve toda a sociedade e constitui-se em um direito dos cidadãos, expresso no Art. 205 da Constituição Federal (1988). As mudanças experimentadas pelo tecido social refletem nas instituições educacionais e na sua forma de fazer educação. Assim, as vertiginosas transformações vivenciadas no final do século XX, impulsionadas pelo avanço científico e tecnológico, estabeleceram um importante diálogo sobre os múltiplos desafios para a educação no século XXI, em especial nesse novo cenário em que vivemos: a pandemia da COVID-19. 

Neste novo tempo, impactado profundamente pelo novo Coronavírus, muitas preocupações despontam e somam-se às questões já existentes. Um dos aspectos é a inclusão das novas tecnologias como ferramenta para a substituição das aulas presenciais no período do isolamento social, ação emergencial denominada ensino remoto. É inegável a necessidade da abertura à inovação no processo educacional, através da inserção de novas metodologias para reinvenção pedagógica. No entanto, é importante que se tenha um olhar cuidadoso sobre o movimento em curso e que faz parte de uma excepcionalidade. Ou seja, essa nova forma de mediação pedagógica não ocorre com igualdade para todos, o que remete ao problema da equidade e justiça social. 

O ensino remoto emprega a tecnologia para mediar a relação pedagógica, principalmente através das redes virtuais e plataformas digitais. A organização curricular e seu desenvolvimento seguem os pressupostos do ensino presencial. Assim, em tempo real, de forma remota, tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior, os professores interagem com os alunos para o desenvolvimento das aulas, processo que exigiu uma rápida ressignificação do espaço de sala de aula. 

Os impactos decorrentes da pandemia atingem o mundo e suas relações como um todo e suas consequências podem ser sentidas em âmbito pessoal, social e econômico. E o cotidiano nos mostra que o avanço científico e tecnológico não é suficiente para o enfrentamento do problema que vivenciamos. A crise que paralisa o planeta nos faz refletir que, além dos caminhos abertos pela Ciência e Tecnologia e seus novos paradigmas, os desafios da educação para o século XXI compreendem a formação de uma consciência planetária, através de uma revolução criativa das políticas educativas para a formação, desde a mais tenra idade, de cidadãos do mundo, humanos, solidários, preocupados com a sobrevivência e bem-estar da espécie humana.

Para esse futuro incerto, que a educação possa cumprir com seu papel na formação humana como um “grito de amor à infância e à juventude como um trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social” (Jacques Delors, 2001) e de compaixão para com o próximo, pois o conhecimento só tem valor se tornar-nos pessoas melhores a serviço da construção de um mundo e de uma sociedade mais justa e mais fraterna.