Opinião: Os desafios da retomada das aulas presenciais da educação básica
Por Renata Rigon Cimadon – CRP 07/16650
De um dia para o outro, escolas vazias, sem alunos, sem professores, sem direção, sem barulho, sem conversas e risadas, sem vida pulsando. Parar foi tão rápido, mas todos se foram com a perspectiva de voltarem em 15 dias. Quatro meses se passaram e a volta ainda é uma incógnita.
Entre os pais, opiniões divididas. Pais que precisam que os filhos à escola retornem, pois precisam trabalhar e está sendo uma preocupação adaptar cuidadores para essa função; pais que querem que a escola retome as atividades, pois não possuem a habilidade para acompanhar os filhos nos estudos; assim como pais que, mesmo que as aulas voltem, não pretendem enviar seus filhos para a escola.
Entre os alunos, muitos com desejo de voltar, rever amigos e professores, voltar para a agitação e para o convívio no ambiente escolar; outros preferem que continuem assim, do jeito que está.
Professores desejosos de voltar, reencontrar alunos e retomar a aprendizagem de forma presencial, mas com receio de como será realizado todo o cuidado para evitar contaminação, afinal, são crianças e adolescentes.
Acompanhar as escolas é acompanhar a angústia da organização e incerteza dessa retomada. Como todos os setores que já voltaram, indústria, comércio, entre outros, haverá a necessidade de adoção de todos os protocolos de saúde a serem implantados na escola. Medidas como verificação da temperatura, álcool em gel, higienização, distanciamento, entre tantos outras mais, estão sendo organizadas, porém, o que fazer com aquilo que não se pode controlar? As crianças vão conseguir usar a máscara? E se resolverem se tocar, se abraçar? E se um se contaminar?
Essa nova realidade será um grande desafio para todos na escola. Além desses cuidados, escolas estão se organizando para receber e acolher os alunos, pois, para além de conteúdo, é preciso criar espaços de escuta, afinal, todos estão, em alguma medida, sensíveis/abalados a tudo isso que aconteceu e está acontecendo. Falar para elaborar o que foi vivido, cada um do seu jeito, dentro da sua realidade.
Escola é o lugar do encontro. É lá que as crianças convivem, socializam e aprendem umas com as outras, com os professores e educadores. Organizar essa retomada das atividades será como montar um difícil quebra- -cabeça, buscando atender todas as obrigações da lei, em questão de segurança, mas também que se possa atender às necessidades e cuidados dos seres humanos que lá estarão. Uma coisa é certa, mais cedo ou mais tarde, a escola voltará a funcionar.