Opinião: saúde mental e pandemia

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que havia uma pandemia de Covid-19 (enfermidade com ampla disseminação). No dia 16 do mesmo mês, foi decretada a pandemia também no Brasil. O simples anúncio já provocou uma série de incertezas, mudando a rotina da população e provocando o isolamento social. Toda essa situação era inédita, as causas e os efeitos do acontecimento estavam em investigação, mas algumas coisas as organizações de saúde já sabiam: haveria consequências para a saúde mental da população. 

O Sistema Único de Saúde passou a ter que atender e a conviver com uma nova demanda, produzindo sofrimento em toda a população e sobrecarga de trabalho para os trabalhadores da saúde. A população em geral, sem conhecer exatamente o que estava acontecendo, passou a sentir incertezas quanto ao seu futuro. A problemática que se apresentou, infelizmente, não causou apenas uma crise na saúde pública, mas também em outros setores, como na economia, na educação, na política, etc., gerando, como efeito, um grande sofrimento psíquico e social sem precedentes na história recente. Algumas pessoas passaram a negar a gravidade do caso, produzindo um comportamento de risco, para si e para outras pessoas. Outras, porém, ficaram mais ansiosas e preocupadas, tendo dificuldade de medir o real impacto da pandemia em suas vidas. 

É muito importante que todas as pessoas estejam atentas ao que está acontecendo, seguindo as instruções dos órgãos de saúde pública brasileiros e mundiais. Conforme a Sociedade Brasileira de Psicologia, em outras situações em que a população foi obrigada a fazer quarentena, como durante a crise de MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), Gripe Suína (H1N1) ou Ebola, observaram-se efeitos negativos para saúde mental, “principalmente em termos de confusão, raiva e até estresse pós-traumático”. 

Agora já estamos há quase seis meses do início da pandemia e o número de mortos devido à covid-19 passa da casa dos cem mil, gerando luto, dor e tristeza. Ainda que já tenhamos mais informações sobre a doença, não temos uma vacina. 

Em virtude deste acontecimento, o Laboratório de Práticas do curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS) resolveu oferecer três atividades para acolher esse sofrimento originado a partir da pandemia: o Acolher-Psi, o acolhimento para estudantes da UCS e os grupos virtuais para funcionários – saiba mais sobre cada um deles no quadro. 

Os organizadores das ações entendem que a psicologia tem um papel fundamental neste momento em que a população se encontra em sofrimento psicossocial, e a tarefa da universidade é preparar os futuros psicólogos para essa realidade. Para isso, o curso de Psicologia da UCS, comprometido com sua comunidade e com a formação dos futuros profissionais, tem dedicado um grande esforço conjunto, entre professores, alunos e funcionários, na realização desse trabalho.


O Laboratório de Práticas, disciplina prática ofertada para o final do curso de Psicologia, está com atividades voltadas para o acolhimento em saúde mental durante a pandemia. Entre as atividades desenvolvidas pelos estudantes está o Acolher-Psi, serviço de atendimento telefônico no qual os estudantes fazem acolhimento e psico-orientação para a comunidade. Esse serviço é aberto ao público e gratuito, bastando ligar para o telefone 3449 5214, das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira. Outra prática que está sendo desenvolvida é o acolhimento para os estudantes da UCS, de todas as áreas. São oferecidas rodas de conversa em salas virtuais, para que os estudantes possam falar como estão se sentindo e se organizando durante a pandemia. E a terceira atividade desenvolvida são os grupos para funcionários da UCS, também a partir de rodas de conversa em salas virtuais. Todas as atividades contam com a supervisão da professora Daniela Duarte Dias e o projeto também tem o auxílio da coordenadora do curso, professora Ilciane Breitenbach.