Oposição contesta valor da dívida

Já na primeira sessão ordinária de 2013, a oposição mostrou que os próximos quatro anos não devem ser fáceis para o prefeito Guilherme Pasin (PP), pelo menos no que depender das cobranças e pressões feitas pelos vereadores. Enquanto a situação (PP/PMDB) ocupou a tribuna para elogiar a transparência da nova administração ao detalhar os números da dívida herdada, os petistas Moacir Camerini e Neilene Lunelli não pouparam críticas ao novo prefeito. A dívida de R$ 50 milhões anunciada pelo prefeito nesta semana foi contestada.

Neilene disse que entrou em contato com a contadora Michele Piletti e ela alegou desconhecer o relatório lido pelo prefeito. Michele é servidora concursada do município e auxiliou na força-tarefa instaurada no ano passado para apurar irregularidades na secretaria de Finanças, “A gente quer explicações de onde vem este valor”, comentou a vereadora. Segundo ela, dados extraoficiais davam conta de a dívida seria de R$ 4 milhões em dezembro. Ela também aproveitou a oportunidade para defender o governo de Roberto Lunelli (PT). “Foi o prefeito que mais trabalhou em Bento”, sentenciou, referindo-se aos R$ 300 milhões em projetos cadastrados junto ao governo federal. 

Camerini chamou atenção para os números apresentados no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou irregularidades na secretaria municipal de Finanças após as suspeitas de desvio de recursos. No documento, constam valores divulgados pela própria secretaria, apontando que, na época, o déficit financeiro era de R$ 8 milhões. “Quem está falando a verdade, a CPI ou o Pasin?”, questionou. Ele também atacou o prazo estipulado por decreto para suspender pagamentos dos fornecedores em atraso, para que seja analisada a legalidade da contratação. “Seis meses é demais. Um prazo de 30 ou 45 dias seria tolerável. Tem que se pensar no impacto que isso vai ter para as pequenas empresas”, alertou.

Outro ponto questionado pelo petista é se outras dívidas de administrações anteriores foram incluídas no montante divulgado, como é o caso da indenização devida pelo município à empresa Todeschini, referente à desapropriação de área na gestão de Darcy Pozza (PP), e dívidas trabalhistas da Cooperativa Mista dos Trabalhadores do Alto Uruguai (Coomtaau), que terceirizou mão de obra à prefeitura entre os anos de 2001 e 2011. 

O vereador protocolou pedido de informações solicitando dados mais detalhados sobre a situação em que Pasin encontrou as contas municipais ao assumir o cargo de prefeito. Ele quer saber qual o saldo exato que havia no caixa da prefeitura – tanto em recursos livres quanto vinculados – e dos fundos municipais, quais projetos estão cadastrados junto ao governo federal e a lista de fornecedores que aguardam pagamento. Camerini solicitou ainda a presença do secretário de Finanças, Marcos Fracalossi, para prestar esclarecimentos na Câmara de Vereadores. “Se na gestão passada faltou fiscalização, nesta não vai faltar”, prometeu. 

Situação rebate

Enquanto os petistas questionavam a veracidade dos dados apresentados, o vereador Moisés Scussel (PMDB) rebateu dizendo que a dívida pode ser ainda maior. Segundo ele, em relação à empresa CCS Serviços Terceirizados, o relatório gerado pela secretaria de Finanças apontava que a dívida era de cerca de R$ 1,5 milhão. Entretanto, em conversa com a empresa, foi informado que o total devido pela prefeitura seria de R$ 4,9 milhões. “A comunidade não pode viver na ilusão de que as coisas vão acontecer com o encaminhamento dos projetos que estão aí”, observou, fazendo referência aos valores anunciados pelo ex-prefeito relativos a projetos cadastrados junto ao governo federal.  

Reportagem: Carina Furlanetto


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