Pais e alunos seguem mobilizados contra fechamento do noturno na Escola Alfredo Aveline

A polêmica acerca do fechamento do noturno na escola Alfredo Aveline – única da rede municipal a ofertar Ensino Médio – continua repercutindo mesmo um mês após a oficialização da decisão por parte da prefeitura. Nesta semana o caso ganhou mais um capítulo com a realização de uma audiência pública na Câmara de Vereadores, na noite de quarta-feira, dia 14. A ausência de representantes do Executivo no encontro reforça o posicionamento do município, que alega alto custo para manter em funcionamento as aulas no turno da noite, atualmente com 39 alunos. Na reunião, ficou definido que os pais ingressarão com uma ação popular na Justiça para a garantia das vagas e o agendamento de um encontro com o prefeito com intermédio da Comissão de Educação da Casa.

A audiência, convocada pela vereadora Neilene Lunelli (PT), contou com a participação de apenas mais dois legisladores – Moacir Camerini (PDT) e Valdecir Rubbo (PTB). Ministério Público, a atual direção da escola e o círculo de Pais e Mestres (CPM) também não se fizeram presentes. Pais, professores e alunos ocuparam a tribuna para expressar sua contrariedade ao fechamento do noturno e, sobretudo, à postura adotada pela prefeitura acerca da questão. A principal crítica dos participantes foi não terem sido ouvidos, classificando a decisão como unilateral.

Sem a presença de nenhum representante da secretaria municipal de Educação (Smed) para dar o contraponto, predominaram as acusações de que o fechamento do turno da noite foi arquitetado pela prefeitura nos anos anteriores. A servidora aposentada Anita de Souza, que trabalhou na escola Alfredo Aveline, revelou que a orientação da direção era dizer aos pais que não havia vaga. “A diretora não dizia que não ia pegar mais alunos, ela só dizia que não tinha mais vaga, mas a gente sabia que tinha. Como que não tinha se as salas estavam vazias”, apontou.

Um dos pais, Edson Turra, lembrou que a escola já teve Ensino Médio no turno da tarde – extinto “na surdina” – e disse saber, de fonte segura, que para 2018 também deve ser fechado o diurno, transformando-a em uma escola de Ensino Fundamental como as demais do município – vale lembrar que ofertar o Ensino Médio é uma responsabilidade do Estado. “Onde vamos colocar todos esses alunos que querem estudar?”, questionou.

Houve ainda pais que relataram ter ficado cinco dias na fila para garantir a inscrição e, mesmo pertencendo ao zoneamento, não conseguiram a vaga. A escola é bastante procurada por ser bem conceituada – foi a segunda melhor escola pública da Serra no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015, por exemplo. Os alunos também defenderam a escola e a necessidade de manter o noturno. “Se não precisasse, não estaria estudando de noite. Eu estudava de manhã até metade do ano, era muito cansativo e muitas vezes eu tinha que faltar aula para trabalhar. O dinheiro que eles vão economizar fechando o noturno, será que a gente vai ter retorno? Eu duvido que a gente vá sentir. Estamos regredindo muito na educação”, lamentou a estudante do primeiro ano do noturno, Nicole Amorin, de 16 anos.

Decisão irreversível

Conforme informações da assessoria de imprensa, o Executivo não participou do encontro porque a decisão é irreversível. Segundo informações divulgadas pela prefeitura ao anunciar a decisão, a escola Alfredo Aveline tem 149 alunos matriculados no Ensino Médio, sendo 110 no diurno e 39 no noturno. O custo mensal da manutenção do turno da noite é de R$ 43.498,95, sem contar encargos patronais, férias, 13º salário, água, luz e telefone. Dividindo-se este valor pelo número atual de alunos, cada estudante custa ao município R$ 1.115,35, ou seja, R$ 521.987,40 anualmente. “Tivemos que analisar prós e contras, foram meses de cálculos e reuniões até que se tomasse essa atitude. É importante destacar que estamos remanejando o noturno. Todos eles já têm vaga garantida no diurno, caso decidam pela permanência na mesma escola, ou então no noturno do Mestre Santa Bárbara. Se o interesse do aluno for em outra escola estadual, que não o Mestre, também vamos buscar esta acomodação. Ninguém vai precisar sair em busca da vaga”, disse a secretária municipal de Educação, Ieda Luchese Gava, em nota emitida pela prefeitura ainda em novembro.

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