Paixão Côrtes, símbolo do tradicionalismo, morre aos 91 anos

João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, um símbolo do tradicionalismo no Rio Grande do Sul, faleceu na tarde desta segunda-feira, dia 27, em Porto Alegre, aos 91 anos. Ele estava internado no Hospital Ernesto Dornelles desde o dia 18 de julho após fraturar o fêmur em uma queda e passar por uma cirurgia. 

O velório do tradicionalista está sendo realizado nesta terça-feira, dia 28, no Salão Negrinho do Pastoreiro do Palácio Piratini até as 17h, quando ocorrerá o deslocamento até o cemitério São Miguel e Almas. O enterro está marcado para as 18h. O governador ofereceu à família as dependências oficiais como forma de demonstrar a importância do maior tradicionalista gaúcho e a admiração do povo gaúcho por ele. Também foi decretado luto oficial por três dias.

Paixão Côrtes nasceu em 12 de julho de 1927. Natural de Santana do Livramento, o engenheiro agrônomo por formação foi dedicado pesquisador da cultura, hábitos e costumes populares do Rio Grande do Sul e do Brasil, os quais registrou em dezenas de publicações e discos. Serviu de modelo, em 1954, para a Estátua do Laçador, obra do escultor Antônio Caringi instalada na zona Norte da Capital e escolhida, em 1992, símbolo de Porto Alegre. 

Em julho do ano passado, o folclorista anunciou em carta seu afastamento da vida pública. O texto escrito por seu filho Carlos detalhou momentos importantes da vida de Paixão Côrtes, como em 1947, quando liderou os estudantes que fundaram o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, célula-mater do Movimento Tradicionalista Gaúcho. 
O folclorista participou ainda de uma série de solenidades culturais e cívicas que deram origem aos símbolos da Chama Crioula e do Candeeiro Crioulo e que inspiraram a criação da Semana Farroupilha, além de ajudar na fundação do “35º Centro de Tradições Gaúchas”, o primeiro CTG. Recebeu a Medalha Negrinho do Pastoreio como reconhecimento por serviços prestados à cultura e a Medalha Assis Brasil em destaque por seu trabalho em prol da agropecuária.

Profissionalmente realizou cursos sobre tradição, folclore e danças tradicionais, ensinou professores em especializações em faculdades, realizou espetáculos de danças e, como radialista, utilizou seus programas, ao longo de quatro décadas para propagar seus estudos e para oportunizar espaço para manifestação da cultura popular do homem do campo. Seu trabalho deu origem aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e consequentemente ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).