Panorama da Emater aponta perdas significativas nas plantações de caqui e laranja
No último domingo, 29/03, o barulho da chuva trouxe um sentimento de esperança aos moradores da Serra Gaúcha, que vêm sofrendo com os efeitos da estiagem desde o começo deste ano. Somente na safra da uva, os prejuízos registrados beiram os 20%, de acordo com dados da Emater. Mesmo assim, o volume d’água de domingo não mudou as previsões de perdas para a colheita das frutas da época: conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), foram apenas 17,4mm. “Foi uma chuva bem superficial, isso para a situação que está a humidade do nosso solo é pouco e prejudica sim as próximas safras”, afirma o chefe do escritório da Emater em Bento Gonçalves, Thompson Didoné. A última chuva significativa na região foi registrada no dia 21 de janeiro, quando o volume somou 40mm.
No mês de abril, têm início de forma mais expressiva a safra do caqui e da laranja -especialmente a laranja do céu. Segundo Didoné, a seca terá efeito no calibre dessas frutas, reduzindo seu tamanho. “Isso acontece mesmo em áreas irrigadas, porque está faltando muita água, inclusive para as propriedades”, analisa. As estimativas de prejuízos ainda não foram analisadas pelo órgão, mas a certeza é que o produtor local terá perdas significativas. “Todos os meses fazemos essas estimativas junto ao IBGE, provavelmente nos próximos dias iremos nos reunir para fazer esse cálculo. Com certeza haverá uma diminuição na safra”, afirma.
Apesar da expectativa negativa quanto ao calibre das frutas, Didoné explica que há a possibilidade de também avaliar os efeitos positivos da estiagem. “A coloração está muito boa e a concentração de açúcar está superior, então a fruta está bastante saborosa”, comenta.
Outro setor que gera preocupação em Bento Gonçalves e região é o da horticultura – as hortas. “Normalmente esses produtores têm sistema de irrigação, mas o volume de água para os proprietários está muito baixo. Isso é preocupante”, declara.
Safra da uva
Apesar da safra da uva tradicional já ter encerrado, o profissional alerta para que os agricultores comecem a se preparar para a próxima colheita. “A gente recomenda que o produtor faça um tratamento para segurar mais as folhas e aumentar a reserva da planta para o próximo ano. Muitos lugares possuem solo raso e não tem como fazer cobertura. Então, como o solo fica exposto, a água evapora muito mais”, explica.
Além da estiagem, os prejuízos estimados em 20% na safra da uva estão ligados à questão da floração em agosto do ano passado, o que reduziu a quantidade de grãos. “No caso do caqui e da laranja, a floração é diferente, tivemos uma quantidade de frutos razoável. Para essas plantações, o que está mais prejudicando é sim a seca”, analisa.
Apesar das previsões de perdas, Didoné acredita que os próximos meses deverão trazer resultados mais positivos aos produtores locais. “A laranja continua sendo colhida até novembro, então se tiver uma chuva mais adequada nos próximos meses, a colheita já vai ser recuperada. Os prejuízos serão menores”, acredita.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Caxias do Sul