Para viver o encantador mundo do vinho

Mais de 3 milhões de litros de vinho são produzidos anualmente em Bento Gonçalves. No Estado, o número chega a 104 milhões de litros. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), mostram a força da bebida para a economia e fortalecimento da cadeia vitivinícola. Mas, nos últimos dez anos, um novo nicho se abriu, especialmente na Serra Gaúcha: o enoturismo. Cada dia mais, as vinícolas de Bento e região têm aberto suas portas aos visitantes, criando atrações especiais para recebê-los. A convite das vinícolas Aurora, Miolo e Dal Pizzol, de Bento Gonçalves, Peterlongo, de Garibaldi, e Cave Geisse e Don Giovanni, de Pinto Bandeira, a repórter do SERRANOSSA Raquel Konrad, que também assina o blog “Na Carona da Quel”, conheceu as estruturas e atrações de cada uma. As visitas foram organizadas e programadas pela ConceitoCom Brasil. 

 

A curiosidade envolvendo a elaboração do vinho incentivou o desenvolvimento da atividade turística, permitindo que pequenas e grandes vinícolas se abrissem para este nicho de mercado. Por volta de 1995, a atividade passou a se profissionalizar e, de maneira crescente, a região começou a diversificar sua oferta, qualificar sua mão de obra e conquistar seus visitantes com experiências ao longo das quatro estações do ano.

Para se ter uma ideia, em 2016 o Vale dos Vinhedos chegou ao ápice, registrando recorde no número de visitantes recebidos. Foram 410.149 pessoas que passaram pelo local entre 1° de janeiro e 31 de dezembro de 2016. 

Atrações em comum
Embora muitas vinícolas tenham criado inovadoras e divertidas atrações voltadas para toda a família, a maioria delas segue um mesmo roteiro: visita aos vinhedos, passeio pela fábrica e, por fim, degustação de vinhos, espumantes e sucos da casa. O passeio chama atenção, especialmente, pela riqueza de detalhes nas explicações dos guias, sempre bem-preparados para responder todas as perguntas. 

O passeio pelos parreirais é uma aula de agronomia, ecologia e técnica. O cuidado com cada variedade de uva, os tratamentos e os resultados obtidos pelo trabalho de um ano inteiro na planta impressionam. Nesta época de safra, é possível colher os cachos diretamente do pé e degustar ali mesmo o sabor da fruta que dará origem à bebida.

Já na produção, acompanhamos desde a chegada da uva na vinícola, prensagem, fermentação, filtragem, engarrafamento e, finalmente, o “descanso” nas cavas. Os processos, ordens e tempo são, obviamente, diferentes em cada vinícola. 

Degustação
Depois de entender o mundo mágico da produção dos sabores, é hora de degustar: os enólogos ou sommeliers responsáveis pela condução instigam os visitantes a observarem a limpidez, o brilho, cor e a viscosidade do vinho. Depois, é hora do “exame olfativo”. A manifestação sensorial mais encantadora do vinho são seus aromas. Encerrado na garrafa por meses, anos, décadas, o vinho se desenvolve, evolui, como um ser vivo desenvolve seu metabolismo químico de forma cada vez mais rica e surpreendente. “O exame olfatório é realizado colocando-se o nariz junto à boca do copo e cheirando vigorosamente, de preferência alternando-se as narinas direita e esquerda”, explicam os enólogos. 

O momento desperta diversas lembranças e aromas curiosos: vai desde o cheiro da própria uva e também de outras frutas, como até o de canela, mel, fermento e couro. Sim, couro! Os olfatos mais apurados sentem os mais variados aromas. 
Por fim, a análise gustativa: coloca-se um gole não exagerado de vinho na boca e deixando-o girar lentamente no seu interior. As percepções são imediatas: doce, ácido, amargo ou salgado. As sensações no paladar também são descritas e surgem nomes conhecidos no mundo do vinho, mas distantes para nós, leigos: corpo, adstringência, tanicidade, equilíbrio, são algumas características citadas na degustação. A experiência encerra com a certeza de que provar um vinho nunca mais será a mesma coisa. O visitante aprende a observar detalhes que, até então, não importavam, mas que fazem total sentido. 

Passeios guiados
Os passeios guiados são oferecidos por boa parte das vinícolas de Bento e os preços variam de acordo com o tipo de vinhos: os mais leves e com menor tempo de guarda geralmente têm custo menor. Já os que possuem mais estrutura e tem mais tempo de cava têm um valor maior. Em média, os preços variam de R$ 10 a R$ 80, para experimentar, no mínimo, cinco rótulos.
E aí? Que tal ir à vinícola mais próxima e viver essa incrível experiência?

Na próxima reportagem, a série “Turista do Vinho” irá contar histórias curiosas que envolvem este mundo encantador.