Pastoral do Migrante atende, mensalmente, mais de 410 famílias em Bento
Criada em 2012, a Pastoral do Migrante da Paróquia Santo Antônio é expressão de acolhida da Igreja Católica na cidade de Bento Gonçalves. Na época de sua criação, centenas de imigrantes haitianos chegavam na Serra Gaúcha em busca de trabalho e condições dignas de vida. Em 2020, diante da realidade da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), voluntários e religiosas atendem mensalmente mais de 410 núcleos familiares, brasileiros e estrangeiros, com a distribuição de alimentos e o suporte humano do cuidado com a vida.
A 35ª Semana do Migrante, de 14 a 21 de junho, propõe o tema: “Migração e acolhida”, com iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outros organismos da Igreja e da sociedade. Neste ano, com o cenário de crescentes fluxos migratórios, da crise sanitária e social que se intensificou para a população migrante no Brasil, com a pandemia, o lema traz uma pergunta: Onde está teu irmão, tua irmã?
O cuidado com os imigrantes e os pobres de Bento
Em 2012, a Pastoral dos Migrantes da Paróquia Santo Antônio tinha grande preocupação com o atendimento aos haitianos, sobretudo pela barreira do idioma. Com a ajuda de padre Adelar Baruffi, hoje bispo da Diocese de Cruz Alta, o grupo iniciou com aulas de Língua Portuguesa para os estrangeiros e também com a arrecadação e distribuição de alimentos. Naquela época, de acordo com uma das coordenadoras do projeto, Salete de Oliveira, a Igreja ajudava na distribuição de roupas e móveis, na locação das moradias e na inserção dos cidadãos no mercado de trabalho. “Mas também nos diziam que além dos imigrantes, precisávamos cuidar dos nossos pobres de Bento, por isso nasceu a Casa Pão dos Pobres”, salienta.
Conforme Salete, nos anos de 2014 e 2015, foram atendidos mais de 1.300 haitianos. Hoje, pouco mais de 800 vivem na cidade de Bento Gonçalves. Outras instituições públicas passaram a suprir a necessidade do ensino e do encaminhamento às vagas de emprego e a Pastoral do Migrante, um dos braços da Casa Pão dos Pobres, passou a se dedicar diretamente na distribuição de alimentos às famílias carentes, sobretudo de outros lugares do Estado e do Brasil que também vieram à cidade para construir sua história.
Pastoral do Migrante é fruto da Casa Pão dos Pobres
São incontáveis os gestos de generosidade da população de Bento Gonçalves. Segundo o levantamento do final de 2019, ao longo dos 12 meses, foram entregues cerca de 17 toneladas de alimentos não perecíveis às mais de 180 famílias atendidas. Com a pandemia, este número mais que dobrou: em maio, foram distribuídos 410 cestas básicas às pessoas carentes.
Todo esse trabalho é feito por um grupo de 12 voluntários leigos e pelas Irmãs Pastorinhas, que atuam há 66 anos na Paróquia. Movimentos como a campanha “Alimente a Vida”, que arrecadou 23 toneladas de alimentos mostram a acolhida da comunidade aos migrantes neste momento difícil e expressam o rosto misericordioso da Igreja. “Em 2019, visitando as famílias, me surpreendi com a realidade. Em Bento, temos pessoas que vivem sem o mínimo de higiene, sem esgoto encanado, sem banheiro. E essa, eu vejo, que é a maior dificuldade, porque nem sempre essas pessoas conseguem se colocar no mercado de trabalho”, lamenta Salete.
As doações de alimentos não perecíveis podem ser feitas diretamente na Secretaria Paroquial ou na Casa Pão dos Pobres, localizada atrás do Santuário Santo Antônio, em horário comercial. A Paróquia Santo Antônio está localizada na rua Marechal Deodoro, 263, no centro de Bento Gonçalves.
Foto: Felipe Padilha/ Salete de Oliveira