Pavilhão único volta a ser discutido

A criação de um pavilhão único para agregar o trabalho das associações de reciclagem do município – hoje já reunidas em uma mesma cooperativa mas em sedes separadas – voltou à pauta de discussões nesta semana, durante a apresentação do Plano de Coleta Seletiva. O estudo, realizado pela empresa Ambiativa Consultoria Ambiental, de Caxias do Sul, traz diretrizes técnicas para melhorar o serviço no município. Entre as vantagens de uma central de triagem unificada estão as melhorias nas condições de trabalho e na logística do transporte e distribuição dos resíduos, além da possibilidade de capacitação dos trabalhadores.

A bióloga e mestre em Engenharia Ambiental Raquel Finkler, da Ambiativa, explica que o modelo que melhor se adapta à realidade de Bento Gonçalves mescla maquinário e trabalho manual, como forma de preservar o emprego dos cerca de 110 trabalhadores vinculados à reciclagem no município. O investimento para a mudança é estimado em R$ 800 mil e a estrutura seria instalada junto ao transbordo, no bairro Pomarosa. “Entre as facilidades, por exemplo, está a de que o rejeito não precisaria transitar dentro do município”, observa.

A proposta foi aprovada entre os presentes na audiência pública que apresentou o plano. Na avaliação do presidente da Associação Ativista Ecológica (Aaeco) e ex-presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Gilnei Rigotto, esta é a melhor solução, apesar de enfrentar resistência de alguns recicladores, segundo ele, por interesses próprios. “Não devemos temer o pavilhão único. A sociedade sabe que é a melhor alternativa ética, moral e técnica para o município. Podemos enfrentar problemas porque uns poucos não querem o pavilhão, mas temos que pensar no coletivo”, pondera.

O modelo, entretanto, ainda vai ser avaliado pela prefeitura, conforme o secretário de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor. “Vamos estudar a implantação do pavilhão único, mas respeitando os recicladores. Precisamos resolver o problema de forma harmônica”, destaca.

Separação ainda é inadequada

Neste ano, Bento Gonçalves completa 15 anos da implantação do serviço de coleta seletiva.  Embora, segundo a prefeitura, o percentual de lixo reciclado na cidade tenha saltado de 8% em 2011 para 23% em 2015, parte do material ainda é separada incorretamente. De acordo com o diagnóstico elaborado pela Ambiativa, 32,22% do material encaminhado às recicladoras não pode ser reciclado. Destes, 6,5% são biodegradáveis e um dos destinos poderia ser a compostagem. O restante é rejeito, tal como fraldas e papel higiênico usados.

Caminhões clandestinos vindos de outros municípios, falta de infraestrutura e uso de Equipamentos de Proteção Individual (Epis) nos pavilhões também foram apontados como carências do município. Dados da secretaria municipal do Meio Ambiente (Smmam) revelam que, em média, cerca de 125 toneladas de lixo são recolhidas diariamente em Bento Gonçalves, sendo 104 toneladas de resíduo orgânico e 21 toneladas de resíduo reciclável. A meta da prefeitura é reciclar 30% do lixo.

O estudo

A empresa Ambiativa foi contratada por meio de licitação e iniciou os trabalhos há 10 meses. O diagnóstico contou com recursos federais, cerca de R$ 170 mil, com contrapartida do município de 8%. O plano traçou programas e ações a serem implantados de forma emergencial e a curto e médio prazo. Entre as medidas emergenciais, está a implantação do monitoramento da coleta via GPS, em funcionamento desde o mês passado. O estudo também sugere ampliação da coleta por meio de contêineres, criação de banco de dados para a sistematização das informações relacionadas ao manejo de resíduos e incentivo à compostagem de resíduos orgânicos. A consultoria também ajudou na elaboração de material de orientação a ser distribuído para escolas e comunidades. 

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