PC desarticula quadrilha que agia em três Estados

Uma ação conjunta e mais de nove meses de investigação resultaram na prisão de cinco pastores, na quarta-feira, dia 11. Elas aconteceram nas cidades de Itajaí, em Santa Catarina, São Gonçalo, no Rio de Janeiro e Ponta Grossa, no Paraná. Eles são acusados de aplicarem golpes em cerca de 40 moradores de Bento Gonçalves, Veranópolis, Passo Fundo, Garibaldi e Farroupilha e em outras cidades do país. O montante chega a R$ 1,2 milhão, segundo apurações da Polícia Civil, somente na Serra. A estimativa é que a quadrilha tenha movimentado cerca de R$ 20 milhões em todo o Brasil. A operação recebeu o nome de “Deus tá vendo”.

Em uma entrevista coletiva, concedida na sede da Delegacia de Polícia de Veranópolis, o delegado regional Paulo Roberto Rosa da Silva e o coordenador da operação, delegado Álvaro Pacheco Becker, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, esclareceram como a quadrilha operava. “Os pastores ofereciam automóveis a fiéis e amigos a preços mais baixos que os vendidos no mercado. Esses veículos seriam doações da Receita Federal às Igrejas, isso era informado por uma mulher que se passava por juíza federal, quem acreditamos que seja a cabeça da quadrilha. As vítimas eram informadas que o montante a ser pago deveria ser depositado em uma conta e após eles receberiam o bem adquirido, mas esses veículos nunca chegaram a ser entregues, pois eles nunca existiram. Os pastores tinham como objetivo vender esses carros e receberiam uma quantia por isso”, explicou Becker. Os depósitos eram realizados em conta de igrejas e de laranjas, que rapidamente retiravam o dinheiro e repassavam à mulher. Em vários casos, os pastores não receberam as comissões prometidas pela falsária, a qual em outras ocasiões se apresentava como procuradora e delegada.

Golpes

Duas vítimas da quadrilha acompanharam a chegada dos acusados. “Nunca pensei que seria enganado por ele. Nós nos conhecíamos, frequentávamos a mesma igreja e até em outras ocasiões ele chegou a me ajudar”, conta uma das vítimas, moradora de Bento Gonçalves, que foi lesada em R$ 45 mil. Segundo ele, esse valor era referente à compra de uma caminhonete e um ônibus que seria utilizado pela igreja que ele frequenta. “Uns 60 dias depois de ter depositado o dinheiro e não ter recebido o veículo, procurei o pastor e ele sempre inventava uma desculpa. Até falei com outros sobre isso e eles riram da minha cara quando disse que iria procurar a polícia, mas mesmo assim registrei um boletim de ocorrência”, descreve.

Outra vítima, moradora de Passo Fundo, lesada em R$ 20 mil, conta que viajou ao Paraná para buscar o veículo adquirido, mas não conseguiu retirá-lo. “Era sempre um monte de desculpas para justificar a demora na entrega. Cheguei a ir a Ponta Grossa para buscar o meu bem e quando estava lá, eles me ligaram, para que eu falasse com outras vítimas, buscando informar que não se tratava de um golpe, mas mesmo assim não consegui ter o veículo que me foi vendido”, relata. Como eles, pelo menos outras 38 pessoas, somente na Serra Gaúcha, foram vítimas do golpe.

Os pastores devem ser ouvidos na sexta-feira, dia 13, e responderão processo por estelionato e formação de quadrilha. Contra a mulher há um mandado de prisão e as buscas devem continuar.

A Polícia Civil solicita a quem tenha sido vítima do golpe que procure as Delegacias e registre um boletim de ocorrência (BO). Mais informações podem ser obtidas na 2ª Delegacia Polícia de Bento Gonçalves, através do telefone 3452 7003 ou na DP de Veranópolis, pelo telefone 3441 1539. 

Reportagem: Katiane Cardoso

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