Pedagoga ressalta importância da mudança de hábitos de consumo e alimentação para futuro do planeta

Um estilo de vida minimalista, vegano, sustentável, saudável e com extremo comprometimento ao futuro das próximas gerações. Parece uma rotina inacessível e improvável, mas é seguida com muito carinho pela pedagoga Ana Paula Lazzarotto, de 52 anos. Do seu cantinho, no interior de Bento Gonçalves, Aninha tenta demonstrar, pelo Instagram, como é possível seguir os 5Rs da sustentabilidade – repensar, recursar, reduzir, reutilizar e reciclar – de forma fácil e acessível.


 

A atenção às questões ambientais surgiu por meio da alimentação saudável, seguida pela pedagoga desde jovem. “Eu perdi minha mãe com dois anos e isso me marcou muito. Sempre tive medo de morrer e deixar meus filhos. Com isso busquei ser o mais saudável possível. Fiz diversos cursos e criei um blog de culinária, quando conheci muitas pessoas e aprendi bastante”, relata. Mas foi há cerca de quatro anos que sua visão se abriu para uma vida ainda mais conectada com a alimentação e com o meio ambiente. “Do saudável, eu fui para o vegano. Quando virei vegana, comecei a assistir a documentários que provocaram uma mudança muito grande em mim”, comenta.


 

Sem consumir ou utilizar qualquer produto de origem animal, Aninha comenta que o veganismo vai além do cuidado e amor pelos bichos, entrando na questão ambiental. “Um bife que a gente deixa de comer economiza cerca de 5 mil litros de água. A agropecuária é um dos grandes geradores de dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Grande parte do desmatamento das nossas florestas está ligada ao cultivo de monoculturas para alimentar os animais. Então não tinha como eu me importar com os animais, com seu sofrimento e exploração, e dissociar do meio ambiente”, comenta.

A partir dessa visão, a pedagoga passou a investir em ações em seu ‘microcosmo’ e compartilhar sua rotina pelas redes sociais, a fim de gerar uma “onda de aprendizado”. “Meu Instagram hoje é justamente para isso, influenciar outras pessoas a terem pequenas atitudes que, em longo prazo, mudam muita coisa”, revela.


 

Pequenas mudanças

Uma das dicas da pedagoga é reduzir o consumo de carne e outros produtos de origem animal, com base na campanha ‘Segunda Sem Carne’, da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de se reduzir o consumo, ao menos em um dia da semana, convidando-as a descobrir novos sabores. “Aqui em casa, somente eu fiz a transição alimentar para o veganismo, mas a influência foi grande. Meus filhos [de 23 e 15 anos] e meu marido começaram a ver aquele prato lindo, colorido, que eu sinto prazer de comer, e quiseram provar. Com isso, mudaram o modo de pensar sobre a comida e reduziram bastante o consumo de carnes e derivados. E a saúde deles é maravilhosa”, afirma.

Sobre o estilo de vida vegano, Aninha ressalta que se trata de uma rotina acessível e fácil de seguir. “Tu tem que se puxar para aprender, porque tem que suprir as necessidades do teu corpo. Mas o veganismo não é caro. Um arroz, feijão e salada no prato não é caro. A carne que é barata demais. É uma vida que está ali, seja um pintinho ou um boi, apenas num invólucro diferente”, analisa.

Outra questão importante para o meio ambiente, na visão de Aninha, é o consumo consciente, a partir de uma vida mais minimalista. “Não precisamos de tantas roupas, nem de um celular a cada seis meses, nem de 20 pares de sapato. A gente não precisa de tudo, o tempo todo. O planeta não aguenta mais esse nível de consumo”, comenta.

Além de ações educativas mais fortes, Aninha propõe o uso da criatividade para dar vida a novos produtos, com aqueles já existentes, e a recusa às embalagens descartáveis. “O plástico demora 400 anos para se degradar. Imagina que a primeira escova de dente sua ainda está por aí. Por isso precisamos reduzir o consumo, assim as fábricas produzem menos, ou passam a se preocupar mais com soluções sustentáveis”, reflete. “Esses dias um cara atirou uma garrafa pet pela janela do carro, e acertou o meu carro. Ele acha que estava se livrando do lixo, mas a verdade é que não existe fora. Ele só não está mais enxergando, mas o lixo continua aqui, no nosso planeta”, acrescenta.

Entre as ações postas em prática no seu dia a dia e de sua família está a utilização de sacolas de pano para fazer compras, coletores menstruais ao invés de absorventes, aparelhos de barbeador daqueles antigos, com lâmina manual, escovas de dente de bambu, guardanapo de tecido e sacolas biodegradáveis para o lixo. “O planeta é muito maior que nós. O ser humano é prepotente de se achar dono dele, dono dos animais e dos recursos naturais. Mas se extrapolarmos, a natureza se encarrega de eliminar o ser humano. Somos muito frágeis e precisamos pensar no amanhã dos nossos filhos e dos nossos netos. Porque tem um futuro impossível acontecendo agora”, finaliza.