“Pelegada de esquerda”: diretores da rede estadual de Bento se manifestam sobre fala de vereadores
Ao comentar sobre as discussões acerca da possibilidade de municipalização da escola Bento na última sessão ordinária da Câmara, parlamentares utilizaram expressão para criticar diretores
Diretores de escolas estaduais de Bento Gonçalves vêm se manifestando, desde a semana passada, sobre falas de vereadores na última sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada na segunda, 23/05. Na ocasião, os parlamentares Anderson Zanella (PP) e Edson Biasi (PP) utilizaram o termo “pelegada de esquerda” para se referir ao posicionamento da direção da escola General Bento Gonçalves da Silva sobre a possibilidade de municipalização do colégio.
“Vou usar esses minutos que me restam aqui para, mais uma vez, falar do comportamento da esquerda. Do comportamento desses partidos políticos de esquerda. Dessa ‘pelegada de esquerda’ que adora fazer tempestade em copo d’água, quando não tem palanque, quando não tem a voz, quanto mais eles perdem a voz, por não estarem representados por uma escolha popular, eles fazem o que fizeram na semana passada na escola Bento”, disse Zanella na tribuna, se referindo à direção da escola Bento durante audiência pública realizada no dia 19/05.
Zanella argumentou que as discussões teriam partido de “um simples pedido de informações” do vereador Ari Pelicioli (Cidadania), protocolado no início deste ano. “Bastou um simples pedido de informações para que essa ‘pelegada de esquerda’ fizesse o carnaval que fez na última semana”, enfatizou.
Em sua fala, Edson Biasi também utilizou o termo para criticar não somente o posicionamento da direção do Bento, como de todas as escolas estaduais. “O Estado não quer mais saber de educação, largou tudo. E o pior de tudo é que as escolas do Estado estão todas direcionadas, direcionadas com aquela ‘pelegada de esquerda’”, disse.
Em entrevista ao SERRANOSSA, o diretor da escola Bento, Leonildo de Moura, pediu respeito à classe. “Aos vereadores que difamam nosso trabalho e nossos posicionamentos, pedimos respeito, pois acreditamos que a base de uma sociedade se dá pela democracia e o respeito pelo próximo”, comentou.
Pelas redes sociais, a vice-diretora do turno da noite, Neilene Lunelli, rebateu o termo utilizado na Câmara: “Pelego seu vereador é quem tem medo de enfrentar uma comunidade escolar, se esconde atrás de um microfone, esbraveja e grita, querendo impor moral, e não quem defende a educação, alunos, pais, professores e toda comunidade”, escreveu.
A diretora do colégio Dona Isabel, Silvania Luiza Chiarello, não poupou palavras para criticar as falas. Direcionando o texto para um vereador em específico, ela ressaltou o trabalho desenvolvido nas instituições estaduais e a diversidade de opiniões políticas. “Gostaria de saber onde colheu informações, este nobre vereador, para afirmar tamanha asneira”, começou o desabafo. “Sou diretora há bastante tempo, e afirmo que o que fazemos na escola pública é trabalhar três turnos incansavelmente, atendendo todo tipo de necessidade da comunidade escolar. E sim, dentro de uma escola ou qualquer outro ambiente, onde se encontram seres pensantes, há diferentes pensamentos políticos, e não nos ocorre chamar a quem quer que seja de “pelegada”, aliás um termo inadequado, chulo, impróprio para uma sessão que deveria ser de pessoas que discutem num nível aceitável”, argumentou.
Silvania também aproveitou para convidar a comunidade para conhecer o trabalho desenvolvido no Dona Isabel. “Para quem deseja conhecer nosso trabalho, estamos na escola diariamente, com portas abertas, inclusive ao meio-dia e ao final da tarde, quando atendemos alunos sem recebermos por estas horas extras de trabalho. A ‘pelegada’ TRABALHA, senhor vereador. Acolhe e encaminha crianças e jovens, que esperemos, no futuro, não repitam bobagens infundadas, generalizando um pensamento pequeno, que visa somente denegrir a imagem da Escola Pública, que ainda resiste e existe, porque há profissionais como nós, cuja missão vai além do oportunismo”, complementou.