Pequenos gestos…

A megalomania tomou conta da sociedade. Desde há muito, a sociedade tende a valorizar aquilo que aparece, aquilo que é grande, aquilo que é visto, aquilo que chama a atenção de todos. 

As pequenas coisas, os pequenos gestos, aqueles simples atos que passam despercebidos, também deixaram de ser valorizados. Mas esses atos, por certo, também são repletos de carinho. Às vezes, aliás, são eles que carregam o maior sentimento de todos…

Desde há muito é objeto de estudos, pelos especialistas, que não adianta substituir carinho e atenção por presentes. Desde há muito é dito que adolescentes-problema normalmente são aqueles que ganharam tudo dos pais, menos atenção. E eu não tenho dúvida de que isso pode ser verdade. 

Longe de mim querer trazer exemplos reais acerca do assunto, já que o tema é delicado e polêmico, embora eu tenha alguns, vários, é certo que todos nós vamos lembrar de casos de pessoas conhecidas, próximas ou não, que, apesar de serem filhos ou filhas de pessoas de projeção social, boa família, bem de vida, acabam se envolvendo em situações ou com coisas que não justificam a sua origem. Ora, o que faz com que alguém que, aparentemente, tendo tudo do bom e do melhor, uma ótima casa, estudando em boa escola, usando roupas de marca, frequentando aulas de inglês, espanhol, lutas, academia, natação, pode se envolver com drogas? Aos pais que perguntam: onde foi que eu errei? O que foi que faltou para esse guri/guria? Eu fiz o meu melhor, dei tudo o que eu podia, nunca quis que ele passasse por dificuldades, como eu passei. Afinal, dizem, ao contrário dos meus pais, que tinham vários filhos, eu tenho só um ou dois e posso dar tudo o que eles querem. Trabalho muito para isso!

Por certo que bens materiais, conforto e estudo em boas escolas são, sim, importantes. Algum desses fatores, porém, pode substituir atenção, carinho e amor? Por certo que não! 

Será que esse filho, mesmo tendo tudo o que pede, não comete alguma atrocidade, algum deslize ou até algum crime somente para que seus pais olhem para si? Será que, naquele momento, a única coisa que ele queria não era atenção? Afinal, em todas as vezes em que aprontou, seu pai ou mãe (ou os dois) lhe esperou em casa para aquela reunião de família, que aos poucos foi virando um sermão ou até um castigo do tipo:  – E é sem videogame amanhã! Ou – Amanhã não vai ter dinheiro para o lanche! 

Na verdade, esse filho(a) não queria nada disso. Ele só queria (e precisava) daqueles dez minutos que o pai ou mãe precisaram se deslocar até a delegacia para resolver o problema que sequer precisaria ter sido criado. Os meus, felizmente, apesar de ambos trabalharem muito, sempre tiraram um tempinho para mim. Ainda bem!

Até a próxima!

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