Perda de audição em crianças: quando procurar um especialista?
Por Samanta Dall´Agnese
Portal Minha Vida
A avaliação da audição deve começar no recém-nascido. Desde 2010, o teste da orelhinha é obrigatório nas maternidades, tanto públicas quanto privadas. O exame é objetivo, isto é, não necessita da resposta da criança, e detecta a grande maioria dos casos de perda auditiva. Trata-se de um teste de extrema importância para a criança, pois, nesta idade, é a única forma de se identificar algum dano.
Antes da obrigatoriedade do teste, era muito comum os pais acharem que a criança conseguia ouvir porque balbuciava sons. Porém, crianças que não escutam também balbuciam, mas os sons não têm significado.
Sabemos, hoje em dia, que, quanto mais precoce for a detecção da perda auditiva, mais chances a criança terá de desenvolver a audição. O ideal é que isso ocorra até os seis meses de vida, pois, a partir desta idade, começamos a desenvolver a via auditiva, que nos permite interpretar os sons que escutamos. Quanto mais tarde for feito o diagnóstico, mais difícil será restabelecer essa via.
Contudo, o bebê pode passar no teste da orelhinha e, depois, vir a desenvolver a perda auditiva, mesmo quando as causas são genéticas. Além disso, infecções de ouvido (otites), comuns na infância, também podem levar à queda da audição. Felizmente, na maioria dos casos relacionados a otites, a audição é recuperada. Causas mais raras que podem ocorrer na criança e que levam a graus variados de perda auditiva são as meningites.
O momento de levar as crianças ao otorrino
Se a criança passou no teste da orelhinha, é recomendado que os pais acompanhem sempre de perto o rendimento na escola e a comunicação dela em casa. Se não tiver um bom desempenho escolar ou os pais começarem a perceber uma dificuldade de comunicação, é importante que ela seja avaliada por um especialista.
A criança que tiver uma alteração no teste da orelhinha segue um protocolo de avaliação que inclui testes mais complexos da via auditiva – desde a orelha até a área do cérebro responsável pela linguagem.
As que apresentam otites de repetição representam um grupo especial, que deve ser acompanhado regularmente pelo médico otorrinolaringologista. Nestes casos, devem ser investigados alguns problemas nasais, como rinite, aumento de adenoide e deficiências imunológicas.
Sinais para ficar atento
Além de dificuldades na escola, a criança pode começar a aumentar os sons de aparelhos, como a televisão, falar mais alto, ter dificuldade para entender os outros e parecer distraída. Quanto mais precoce for a perda de audição, mais ficará comprometida a capacidade de comunicação, e a criança passará a se isolar.
Exames
A partir de três anos, já é possível realizar testes audiométricos. Entre os quatro e cinco anos, a audiometria é realizada com brinquedos que emitem sons, como chocalho e tambor. Este tipo é chamado de audiometria condicionada. Crianças maiores podem fazer o teste audiométrico completo, semelhante ao dos adultos.
Recomenda-se que toda criança realize um exame de audiometria. Essa triagem auditiva pode ser realizada desde os três anos ou em qualquer momento durante a alfabetização. Ela detecta perdas auditivas tardias, que prejudicam o aprendizado nesta idade.
Alguns casos necessitam de repetição anual e acompanhamento com especialista, como as situações em que o exame inicial demonstrar perda auditiva, otites de repetição e piora do rendimento escolar.
(Foto: reprodução)