Perdemos uma geração

Parece duro de aceitar, mas eu, Thiago, estou descrente pela geração vindoura. Outrora tida como a geração da esperança, a geração tecnológica, a geração que já nasce sabendo, hoje, temos um grupo de crianças ficando em casa, e que somente interage pelas telinhas.

Não sou eu que estou dizendo, são os pais. Aliás, alguém vai dizer que eu nem pai sou. E é verdade… Não sou mesmo! Mas sou sensato. Sou realista. Vivo em um mundo real!
O ser humano é um animal coletivo. Nasce e cresce para que haja inter-relacionamento entre ele. Essas crianças, hoje, apesar de se verem pela telinha, no máximo brincam com os irmãozinhos. Afinal, se o coleguinha visita, pode ser um problema para os pais, já que, para alguns, o contato pode ser prejudicial.

Ora, se há protocolos de segurança para missas, cultos, empresas, comércio em geral, há protocolos de segurança para as escolas, para as aulas, para a educação. Ou será que esses que estão negando os protocolos não frequentaram a escola e esqueceram-se da real importância dessa na sua formação?

Não! Eu não estou condenando quem pensa diferente, ou quem está sendo cauteloso, mas a colocação acima certamente dá conta de que, ao que parece, há, sim, uma corrente de pessoas que entendem que os alunos devam ficar em casa; que as aulas não devem voltar; que não há segurança para tal. Porém, apesar de haver, sim, pais dentre elas, essa é minoria. Pelo menos dentre as pessoas com quem eu converso e convivo. 

Todas as pessoas com quem eu falo, e que têm filhos, descrevem suas crianças como irritadas, desatentas, incapazes de permanecerem assistindo a duas horas de aula na telinha. Telinha essa que, se ficarem vendo desenhos animados ou aquelas bobagens de autoajuda infantil, permaneceriam horas. Mesma telinha que, até pouco tempo, víamos pais dizendo que podiam ficar somente 30 minutos e que, agora, ela deve assistir a uma aula de duas horas. E sem reclamar…

Por favor, meus caros! Peço-lhes que reflitam nas consequências disso para o futuro, não só dessas crianças, mas da nossa nação. Além de estarem há mais de ano sem aula presencial, isolados do convívio social, cada vez mais dependentes da companhia dos pais ou, ao contrário, às vezes tendo que ficar com avós ou babás ou pessoas despreparadas ou, ainda, sozinhas em casa com irmão ou irmã poucos anos mais velhos, estou vivendo o paradoxo de serem obrigados a usarem uma tela por duas horas, em algo que não lhes é agradável, quando, para aquilo que querem, essa mesma tela somente lhes é franqueada por, no máximo, meia hora e, saindo daí, não sai a lugar nenhum. Por certo que isso gera confusão mental na criança. 

Criança precisa correr, precisa cair, precisa se machucar, precisa ser criança. Para ser criança, precisa de outras crianças. E, para conviver com outras crianças, precisa estar na escola. Afinal, lugar de criança é na escola… 

Até a próxima!

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