Perguntas embaraçosas das crianças: como responder

Por que o céu é azul? Por que a minhoca não tem pernas? Por que aquelas mulheres andam cobertas? Chega uma idade em que as crianças viram uma verdadeira metralhadora de perguntas e haja colete à prova de balas para esses pais. Mas, de acordo com  especialistas, encher-se de defesas não é a melhor solução. “Caso os pais não saibam a resposta, é importante que eles se engajem com os filhos e vão atrás”, recomenda a pedagoga Julia Milani. Ainda mais hoje, em tempos de internet, não há por que lançar mão somente das respostas-padrão “porque sim” e “porque não”. Isso, aliás, pode acabar bloqueando a criança e impedindo que ela faça perguntas, algo muito importante para o desenvolvimento infantil.

A idade crítica das indagações vai dos 3 aos 6 anos, mas as dúvidas dos filhos nunca abandonam a vida dos pais. “Podemos dizer que, por volta dos 3 ou 4 anos, as perguntas ganham complexidade, pois a criança passa a procurar entender melhor quem ela é e quem são os outros. Aos 5 chegamos à fase dos grandes porquês”, explica o psicólogo Adriano Gosuen.

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Morte

Explicar para a criança onde está aquele ente querido que antes estava sempre presente é muito difícil. Cabe aos pais dar uma explicação geral, dentro do contexto de crenças que eles têm. “Eu sugiro que quanto menos florear, melhor. Às vezes fantasiamos muito e a criança perde a dimensão do real”, esclarece a pedagoga Julia Milani. E algumas respostas podem ter consequência, como dizer que essa pessoa, ou mesmo animal de estimação, viajou para longe e não voltará. “O adulto entende a metáfora da viagem, mas a criança encara como algo concreto, o que pode remeter à sensação de abandono”, ensina a especialista.  

Sexo

Perguntas relacionadas ao sexo também são delicadas para os pais, que não sabem ao certo até onde podem explicar. Se algumas crianças crescem vendo a sexualidade de forma natural, outras podem estranhar a situação, por terem sido criadas com o modelo “homem namora mulher”. Nesses casos, tudo depende dos valores dos pais para explicar, mas é preciso ressaltar que a educação tolerante é a melhor opção.

Quando elas querem saber de onde vêm os bebês, a regra do floreio também vale. Colocar cegonhas ou mesmo o lixo entre outras metáforas na história só causa embaraço e mais dúvidas ainda. “Existem livros que abordam o sistema reprodutor masculino e feminino, de uma forma concreta, mas também ilustrativa”, orienta Julia. Tentar descobrir por que a criança perguntou ajuda a dar a resposta correta. Se ela ouviu alguém falando isso, pode-se simplesmente associar a palavra a um sinônimo, como por exemplo, explicar que, se um adolescente quer “transar”, isso significa que ele pode “namorar”.  

Fenômenos da natureza

As perguntas mais difíceis no âmbito de conhecimento dos pais são as de fenômenos da natureza, do tipo “por que o céu é azul?” ou “de onde vêm os raios?”. Nessas horas, não precisa ter vergonha de dizer ao filho que você nem sempre sabe. “Inventar histórias pode ser ruim, pois isso faz parte do desenvolvimento pedagógico da criança. Seja sincero e pesquise com ela”, ressalta Julia.

Preciso mesmo responder tudo?

Muitas vezes nem todo o momento é adequado para começar uma explanação sobre as questões da criança. “Se ela pergunta por que precisa comer durante um jantar formal, você pode dizer que ela tem que comer e pronto, mas depois retomar o assunto com ela e explicar”, ensina a pedagoga Julia. Para a especialista, é preciso que os pais tenham voz ativa também e saibam mostrar à criança que nem sempre fazemos o que queremos. Além disso, o pai também pode pensar melhor e mudar alguma explicação que deu a criança, caso descubra que estava errada ou que ela não foi o suficiente para sanar a dúvida, desde que ele não crie muitas versões diferentes.

O psicólogo Adriano Gosuen aconselha que o adulto questione a criança, quando ouvir uma dúvida, por que ela deseja saber aquilo, tentando investigar o que a levou à pergunta. “Além de dar mais tempo para o adulto pensar e elaborar uma resposta, a explicação da criança vai dar uma pista sobre qual é sua real dúvida, facilitando a elaboração da resposta do adulto”, descreve o especialista.

Por Nathalie Ayres
Fonte: Portal Minha Vida
(www.minhavida.com.br)


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