Pesquisa revela que brasileiros reduziram em 45% o número de relações sexuais na pandemia

Entre os internautas de todas as regiões do Brasil entrevistados pelo instituto Datafolha apenas 22% disseram que houve aumento

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Recente pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, em parceria com a startup Omens, mostrou que a pandemia da covid-19 também acabou mexendo com os hábitos sexuais da população brasileira. Entre os internautas de todas as regiões do país que responderam ao questionário, 45% afirmaram que tiveram redução no número de relações sexuais. Já 33% disseram que a frequência ficou igual e para 22% elas até chegaram a aumentar. Já no campo da paquera, para 41% dos entrevistados o uso de aplicativos de relacionamento diminuiu, sendo que 42% disseram que continuaram no mesmo padrão anterior à pandemia e 17% registraram aumento.

Na visão de Samuel Rodrigues, de 33 anos, as informações da pesquisa fazem sentido. No caso dele, que é solteiro, a pandemia limitou o contato e exigiu cuidados a mais. Além disso, as incertezas do futuro também podem ter influenciado. “Acho que quando a gente está preocupado com o dia de amanhã, as relações sexuais no presente não parecem tanto prioridade”, opina.

Para a sexóloga e terapeuta de casais Mariana Galuppo, no início da pandemia, o sexo foi visto por muitos como uma forma de lidar com o tempo ocioso, mas isso logo mudou. “Com o passar do tempo, o medo e as inseguranças causadas tanto pelo vírus quanto por suas consequências sociais acabaram afetando a saúde mental individual e consequentemente as interações e as respostas sexuais”, pontua.

Segundo sex coach e palestrante motivacional Bru Zanardy, o estresse e a ansiedade que muitas pessoas desenvolveram durante a pandemia podem ter influenciado para as quedas. Os tabus que envolvem o autoconhecimento feminino também são apontados como prejudiciais no caso das mulheres. “Acredito que o público feminino sofreu mais por ter menos contato com a masturbação, toque, e conhecimento do seu próprio corpo. Os homens têm a masturbação como algo normal, já as mulheres, não”, destaca.

É tendência?

Em pesquisa divulgada pela Revista TPM, a sociedade do Japão é um dos exemplos onde as relações sexuais estão sofrendo mudanças expressivas. Dados mostram que jovens nascidos entre as décadas de 1980 e 2000 vêm perdendo interesse em relacionamentos e sexo. Cerca de 70% deles estão solteiros, mais de 40% são virgens e 35% vivem sozinhos. Essa ação tem até nome: sekkusu shinai shokogun, que vem sendo chamada de síndrome do celibato.

Com relação aos brasileiros, embora não haja algo semelhante ao Japão, os números da pesquisa do Datafolha revelam que os interesses também mudaram. Para a sex coach, é preciso entender que fazer sexo também está relacionado com o bem-estar pessoal e com a liberação de hormônios que fazem bem ao organismo, como a ocitocina. “A questão de perder o interesse no sexo é uma questão de prioridade. Precisamos retomar nossa vida e o sexo é vida”, ressalta.

 Já a sexóloga Mariana alerta que as mudanças nas práticas sexuais podem até se tornar permanentes quando não se tem um olhar para isso. “Para uma retomada da vida sexual de modo mais saudável, o importante é se reconectar com aquilo que te estimula, tanto em relação à autoestimulação quanto na interação com outras pessoas e estar aberto a conversar e experimentar”, finaliza.