Pleno do STJD aceita recurso e absolve Carol Solberg por ter gritado ‘Fora, Bolsonaro’
Em sessão on-line ocorrida nesta segunda-feira (16/11), a jogadora Carol Solberg foi absolvida da advertência por ter gritado "Fora, Bolsonaro" durante entrevista ao vivo, na cerimônia de premiação da etapa de Saquarema (RJ) do Circuito Brasileiro do Vôlei de Praia, em setembro. A decisão foi do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei. No julgamento na primeira instância, dia 13 de outubro, Carol havia sido condenada, por 3 votos a 2, a multa de R$ 1 mil, convertida para advertência.
O novo julgamento do Pleno do STJD derrubou a advertência pelo placar de 5 a 4. No início, a jogadora chegou a estar perdendo por 3 a 0, antes de ser absolvida por maioria de votos.
"Foi uma virada espetacular", comemorou o advogado Leonardo Andreotti, ex-presidente do próprio STJD do Vôlei. Carol também foi defendida por Felipe Santa Cruz, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Os auditores Eduardo Affonso de Santis Mendes de Farias Mello, Célio Salim Thomaz Junior e Vantuil Gonçalves votaram a favor de manter a advertência. Porém, Gilmar Nascimento Teixeira votou pela absolvição de Carol e foi seguido por Milton Jordão, Raquel Lima, Tamoio Athayde Marcondes e Júlia Costa. O presidente do STJD, Alexandre Beck Monguillott, votou para manter a advertência quando a maioria a favor da atleta já estava formada (5 a 3).
Depois de sofrer a advertência, Carol afirmou que se sentiu censurada pela decisão da primeira instância. O caso ganhou repercussão nacional e alimentou a discussão sobre declarações e manifestações de atletas sobre assuntos políticos e polêmicos durante eventos esportivos. "Eu estava muito feliz de ter ganhado o bronze e, na hora de dar minha entrevista, apesar de toda alegria ali, não consegui não pensar em tudo o que está acontecendo no Brasil, todas as queimadas, a Amazônia, o Pantanal, as mortes por covid-19 e tudo mais, e meio veio um grito totalmente espontâneo de tristeza e indignação por tudo o que está acontecendo", disse Solberg, antes do julgamento, ao comentar suas declarações no evento do Circuito Brasileiro de vôlei de praia.
O julgamento de Carol Solberg foi envolvido em polêmicas desde a denúncia. Na primeira instância, houve até adiamento porque a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) pediram para participar do caso. O relator Robson Luiz Vieira rejeitou o "pedido de intervenção". As entidades recorreram, assim como Carol, mas não obtiveram êxito. Novamente, agora pelo Pleno, as partes não foram reconhecidas como "terceiro interessado".