Podas e corte de árvores geram descontentamento
Com o aumento das temperaturas, cresce também a circulação de pessoas em praças e espaços ao ar livre no fim do dia e nos finais de semana. Mais que em outras épocas do ano, as praças viram ponto de encontro de amigos, rodas de chimarrão e crianças brincando. Mudanças de cenário, porém, estão sendo sentidas pelos frequentadores mais assíduos nos últimos meses: as árvores, peças centrais dos ambientes públicos, que fornecem a tão procurada sombra nos dias mais quentes, estão recebendo podas e cortes, cuja necessidade é questionada por muitas pessoas.
Entre as plantas mais frondosas cortadas nos últimos dias, está o umbuzeiro localizado na rua 13 de Maio, na esquina com a travessa Antonio Ducatti. A planta estava com estado de saúde comprometido, com rachaduras, oca e tomada por cupins. O caso gerou questionamentos e revolta, principalmente nas redes sociais. “Se houve planejamento para cuidar da saúde das árvores do município, talvez não fosse necessário removê-la”, opinou a leitora Helenita Vargas sobre o corte no bairro São Bento. As raízes e parte do caule restantes do umbuzeiro foram retirados nesta quinta-feira, dia 13. Os profissionais da secretaria municipal de Meio Ambiente que trabalham no local asseguram que outras plantas serão colocadas no espaço – que tem mais uma árvore com galhos emaranhados com a rede elétrica, que receberá uma poda expressiva.
Morador do bairro Licorsul e frequentador da praça Ismar Scussel, no bairro Planalto, Ismael Mucelini criticou as podas no local. “Antigamente, elas se davam com muito mais cuidado. Agora, quando uma árvore atrapalha, simplesmente a cortam. Bento está virando uma cidade de concreto”, afirma, colocando em dúvida a existência de uma política pública de preservação e manutenção das árvores. Ações na praça Rui Lorenzi, localizada junto à igreja Cristo Rei (conhecida também como Praça das Rosas), também foram citadas. “Era linda, cheia de árvores. Cortaram tudo. Tente buscar uma sombra em um dia quente”, lembra a internaura Grey Giotto, em debate sobre o assunto.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor, garante que no caso das podas o serviço é feito sem causar danos à planta e visando a segurança da população. “Ouvimos muitas queixas quando cortamos os galhos do abacateiro, da praça João Cobalchini (conhecida como Praça da Pomba), no Humaitá. Mas e se alguma fruta cai e fere alguém?”, questiona.
O exemplar, assim como cerca de outros 100, constava em laudo elaborado pela secretaria há mais de um ano. Do total, aproximadamente 20 apresentavam alto risco de queda ou contato com a rede elétrica – motivos pelos quais a poda ou corte podem ser indicados. Segundo o documento elaborado por engenheiros florestais da secretaria, plantas em processo de senescência (envelhecimento) podem apresentar galhos secos e pesados que podem comprometer, inclusive, a saúde das mesmas.
No estudo, um dos casos considerados mais graves era a tipuana da praça Walter Galassi. Ainda intacta no local, a árvore tem rachaduras no tronco e galhos apoiados com escoras ou cintos de contenção há anos. Pelo risco de iminente queda, o laudo sugere seu corte, principalmente pela grande circulação pessoas em seu arredor, inclusive com bancos debaixo dela.
Signor explica que os trabalhos estão sendo feitos de forma gradativa e lembra que os custos são altos, entre maquinário e pessoal necessário. O secretário ainda reforça que, desde 2013, mais de duas mil árvores foram plantadas para repor os exemplares retirados, muitas delas em estágio adulto de crescimento.
Reportagem: Priscila Pilletti
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