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Polícia aponta que idosa resgatada de hotel em Garibaldi era submetida a condições de escrava

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O inquérito da Polícia Civil de Garibaldi foi concluído na segunda-feira, 05/06

Fotos: Polícia Civil

A Polícia Civil de Garibaldi concluiu que a idosa desaparecida desde 1979 localizada em um hotel de no Centro da cidade, era submetida a condições semelhantes à escravidão. O inquérito foi finalizado nesta segunda-feira, 05/06. O caso foi descoberto em janeiro de 2023. Flavio Green Koff, advogado responsável pela defesa dos proprietários do hotel, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito, mas disse que se ”surpreendeu” com o resultado das investigações policiais.

A conclusão acompanha o entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O delegado Clóvis Rodrigues de Souza explica que não há indiciamento porque ações penais por trabalho escravo são de competência da Justiça Federal. ”Seguimos o mesmo entendimento dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. E, dessa maneira, atentando a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu que ação penal por trabalho escravo é de competência da Justiça Federal para julgamento, encaminhamos o inquérito policial para exame do Poder Judiciário e Ministério Público, encerrando o trabalho [pela Polícia Civil]”, pontua.

O MTE apontou que o cômodo em que a mulher de 73 anos morava não reunia condições de saúde e higiene mínimas. Conforme o relatório, não havia luz elétrica nem entrada de ar no local, a roupa de cama era suja, e o banheiro, que era separado do quarto, não tinha pia. O MTE também reconheceu o vínculo empregatício da idosa com o hotel desde 2000. De acordo com o ministério, após avaliar documentos e ouvir funcionários, se chegou à confirmação de que ela permaneceu trabalhando no local. A resgatada realizava atividades de limpeza e substituía outros colaboradores em atividades auxiliares.

”Foram localizadas antigas companheiras de trabalho da idosa, que foram formalmente ouvidas, e revelaram importantes informações sobre a atuação dela nesse hotel”, complementa o delegado Clóvis. Após o resgate, a mulher voltou ao convívio da família, na Região Metropolitana. O delegado afirma que a idosa está recebendo os ”cuidados necessários”. ”Mantivemos recente contato com familiares dessa idosa. Eles nos disseram que ela passa bem, recebendo os cuidados médicos apropriados à sua condição e se readaptando ao convívio familiar”, explica.

O caso

A Polícia Civil chegou até a mulher, no dia 31 de janeiro, após receber denúncias de que ela se encontrava nas dependências do hotel. A investigação buscou descobrir se a idosa era ou não vítima de maus-tratos. Funcionários informaram que a idosa trabalhou como servente no local entre os anos de 1990 e 2000 e que vivia no estabelecimento desde então.

O assessor jurídico do hotel, Flavio Green Koff, afirmou, à época, que a mulher era entendida como parte da família. “Ela se tornou parte integrante da família, e o tempo foi passando, foi passando, e não tinha o que fazer com essa senhora. Vamos jogar na rua? O que fazer? Não tinha uma solução”, disse.

Apesar de não ser vista pela família havia quase 44 anos, o registro do desaparecimento só foi feito em 2021 por uma sobrinha que ficou sabendo de uma campanha de identificação de desaparecidos. Os parentes vivem em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a 117 km de Garibaldi.

Fonte G1 RS

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