Polícia Civil investiga morte de idosa que caiu de maca durante atendimento em Antônio Prado
Eloá Lopes Soares morreu no sábado, 29/04; o atestado de óbito apontou hemorragia cerebral e trauma cranioencefálico como causas da morte
A Polícia Civil investiga a morte de uma paciente que caiu da maca durante transferência hospitalar. Eloá Lopes Soares, de 61 anos, deu entrada no Hospital São José, em Antônio Prado, na Serra Gaúcha, no dia 21 de abril. Na quarta-feira, 26/04, a mulher precisou ser transferida para um leito de UTI, em Caxias do Sul, devido a problemas no coração.
“Ao fazerem essa remoção, o que nossos funcionários de enfermagem e familiares presenciaram é que houve algum tipo de falha na maca da Resgate Sul, em que ela cedeu quando colocaram a paciente em cima. Essa paciente caiu e na descida bateu a cabeça na lateral da grade da cama, o que ocasionou um corte na região da orelha”, afirma o diretor administrativo do Hospital São José, Diógenes Krohn.
O advogado Regis Eduardo Krauze, que representa a Resgate Sul, declarou que a empresa “não irá se manifestar sobre o referido caso até todos os fatos serem devidamente e minunciosamente apurados”.
Eloá morreu no sábado, 29/04. O atestado de óbito apontou hemorragia cerebral e trauma cranioencefálico como causas da morte.
A prefeitura de Antônio Prado disse que, em função da necessidade de transferência, o município comprou um leito privado em Caxias do Sul. Como o caso necessitava de uma ambulância especializada, a Prefeitura acionou a empresa Resgate Sul, que possui um contrato com o município desde outubro de 2022.
A polícia aguarda o resultado da necropsia para avançar na investigação do caso. “O que se configura, de acordo com os depoimentos, pode ser considerado um homicídio culposo, por ação com imperícia do transporte da vítima ou coisa assim. A gente vai ouvir os familiares para juntar os depoimentos. Quem atendeu ela aqui, quem constatou a lesão, junto a prontuários médicos. O procedimento padrão quando ocorre morte no hospital”, explica o delegado Vitor Carnaúba.
Confira a nota oficial da prefeitura de Antônio Prado
A dificuldade de conseguir leitos de UTI e de internação para casos de alta complexidade é um drama que vem se intensificando nos municípios da Serra Gaúcha, especialmente para pacientes da Oncologia, Cardiologia e Neurologia. Ainda que a regulação desses leitos seja exclusiva do Estado e responsabilidade também da União, as secretarias municipais de Saúde penam na busca por leitos para pacientes críticos, muitas vezes sem sequer obter uma resposta. Esse tema vem sendo debatido exaustivamente por gestores públicos municipais que vivenciam junto com as famílias a triste situação.
Na última semana, a Secretaria de Saúde de Antônio Prado, após diversos contatos com a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, acionou diretamente nove hospitais em busca de uma vaga para uma paciente cardiológica, internada na Sociedade Hospitalar São José, que necessitava transferência com urgência para Unidade de Terapia Intensiva. Mesmo com medida judicial determinando a destinação de um leito à paciente e, diante da indisponibilidade de vaga pelo Estado, a Prefeitura de Antônio Prado comprou um leito privado no Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, para garantir o atendimento. Na última quarta-feira (26), ela foi transferida. Como o caso requeria uma ambulância especializada, a prefeitura acionou a empresa Resgate Sul, reconhecida por seus serviços na região e que possui contrato de licitação com o município desde outubro de 2022.
No momento da transferência, conforme comunicado pelo Hospital São José, ocorreu uma queda da paciente dentro do quarto, que teria batido a cabeça na cama por um problema na fixação da maca. Segundo relatos dos familiares, ela teria deixado a instituição lúcida e também chegado ao Hospital Virvi Ramos conversando normalmente. A paciente teria precisado de atendimento neurológico na chegada a Caxias do Sul. Ela foi a óbito no último sábado.
A Prefeitura de Antônio Prado lamenta profundamente a morte da paciente e se coloca à disposição dos familiares. A Secretaria Municipal de Saúde está apurando os fatos e se houve falha ou negligência no atendimento e transporte, tanto por parte da Sociedade Hospitalar São José, entidade filantrópica independente que possui contrato com a prefeitura, bem como da empresa terceirizada responsável pelo transporte.
Essa disputa, que se dá cada vez mais via judicial, por leitos de UTI e alta complexidade, é acompanhada por uma série de outros desafios, como o atendimento ágil, com o tratamento com maiores chances de sucesso, bem como o transporte no tempo e da forma adequada. A Prefeitura de Antônio Prado não mede esforços para continuar sua batalha pelo digno atendimento à população que sofre por problemas de gestão na regulação e insuficiência de vagas em instituições de saúde de alta complexidade. Ao mesmo tempo, que se coloca à disposição do Governo do Estado para uma construção responsável de melhores alternativas.
Fonte: G1 RS