Polícia deve se manifestar nas próximas semanas

Pouco mais de um mês após um dos casos mais polêmicos da história policial de Bento Gonçalves, ainda não há muitas informações sobre o andamento das investigações. Nas próximas semanas – possivelmente no dia 8 de maio –, o delegado titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil (2ª DP), Álvaro Pacheco Becker, deve apresentar os primeiros resultados obtidos a partir de depoimentos de testemunhas e envolvidos. Não há prazo, no entanto, para que as análises feitas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) sejam divulgadas oficialmente. O único resultado preliminar obtido pela imprensa até o momento confirma que não foram disparados tiros de dentro do compartimento de carga, onde estavam Danúbio Cruz da Costa, 20 anos, e Anderson Stiburski, 16. Isso não descarta, porém, a possibilidade de que tenham partido de dentro da cabine do veículo.

O revólver calibre 38 a partir do qual teriam sido disparados tiros contra dois policiais da Brigada Militar (BM) que perseguiram a Fiorino após o motorista fugir de uma abordagem é o ponto principal da investigação. As provas periciais também são aguardadas como forma de complementar o que já foi apontado pelas testemunhas. Os policiais envolvidos seguem afastados de suas funções e recebem assistência psicológica da BM. A Corregedoria-Geral também não finalizou o Inquérito, que deve ser entregue nas próximas semanas.


Entenda o caso

Na madrugada do dia 16 de março, quatro jovens saíram de uma festa na localidade de Santa Bárbara em uma Fiat/Fiorino com placas de Teutônia. Na parte da frente do veículo (destinada a passageiros) estavam o motorista, Tiago de Paula, de 18 anos, e um adolescente de 15 anos. No baú traseiro, destinado ao transporte de cargas, estavam Anderson Stiburski, 16 anos, e Danúbio Cruz da Costa, 20 anos. Eles haviam pegado carona após emprestar a moto em que estavam para um casal cuja moto, por sua vez, teve problemas mecânicos.

Por volta das 5h15, a viatura da BM avistou o veículo em alta velocidade na rua Olavo Bilac, no bairro Cidade Alta, e iniciou a perseguição. Segundo os policiais, várias ordens para que o veículo parasse foram dadas, sem sucesso. A polícia conseguiu encurralar os suspeitos em uma rua não pavimentada no bairro Imigrante.

Os policiais saíram da viatura para abordar os ocupantes da Fiorino. Segundo a BM, o condutor teria engatado marcha ré e colidido com o carro da guarnição. O motorista alega não ter conseguido subir pela rua e que o veículo teria descido de ré, por acidente. Os soldados afirmam que foram ouvidos dois disparos de arma de fogo (os ocupantes que sobreviveram dizem que ninguém no carro portava arma). O motorista da Fiorino consegue fugir novamente e os policiais revidam os supostos tiros, disparando contra a traseira da caminhonete.

É pedido eforço e várias viaturas começam as buscas pela região. A Fiorino é encontrada em uma casa no bairro Fátima, onde residia um dos ocupantes. Havia marcas de pelo menos 10 tiros na lataria e no vidro. Ao verificarem o veículo, os policiais encontram Anderson e Danúbio mortos na parte traseira, com tiros na cabeça e em outras partes do corpo. O motorista foi encontrado no telhado da casa com um tiro de raspão na orelha. O adolescente estava no interior da moradia, sem ferimentos.Segundo a BM, o local foi isolado até a chegada da perícia, que encontrou um revólver calibre 38 com duas cápsulas deflagradas dentro do compartimento de cargas, embaixo de uma mochila pertencente a uma das vítimas. 

A Polícia Civil assumiu a investigação do caso, junto com a Corregedoria-geral da Brigada Militar, que abriu Inquérito Policial Militar paralelo para avaliar a conduta dos soldados. Os dois policiais que atenderam a ocorrência foram afastados e as armas utilizadas por eles – uma pistola .40 e uma espingarda calibre 12 –, recolhidas para análise pericial.

Reportagem: Greice Scotton e Jonathan Zanotto


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