Polícia elucida dois casos que chocaram comunidade bento-gonçalvense

O delegado Álvaro Pacheco Becker, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, reuniu a imprensa na manhã da última quarta-feira, dia 25, para detalhar o andamento das investigações de dois casos que chocaram a comunidade de Bento Gonçalves e de toda a região, pela brutalidade e violência: o primeiro foi o assassinato de Andressa Weber Erbice, de 24 anos, grávida de 7 meses, morta a tiros no último dia 21 de maio, no bairro Santo Antão, em Bento Gonçalves. O bebê, uma menina, também não sobreviveu. E o segundo caso conduzido pela delegacia é um dos mais graves crimes da história de Bento Gonçalves e a maior chacina registrada neste ano no Estado: a execução de cinco homens no último dia 7 de junho, no bairro Municipal. As vítimas tinham entre 18 e 30 anos de idade e foram mortas a tiros.

De acordo com o delegado, o assassinato da gestante está sendo tratado como crime passional. A ex-companheira do namorado da vítima foi identificada como a mandante. Segundo a investigação, tanto o executor, um menor de idade que chegou à casa de Andressa e efetuou disparos a queima roupa, quanto os outro cinco envolvidos no crime têm relações familiares com a mandante e foram contratados para cometer o assassinato. No dia do crime, eles fugiram em um Gol branco, em situação de furto.
 
Os investigadores chegaram aos acusados através de diversos depoimentos que confirmaram a insatisfação da mulher com o fim do relacionamento e também com a gravidez de Andressa. “Inclusive, a Andressa já estava com medo que algo acontecesse. Muitas vezes, quando chegava em casa, ela não deixava sua moto estacionada na rua por medo”, comenta o delegado. Para confirmar as investigações, a polícia monitorou os celulares dos acusados, que confirmou que eles estavam no local e na hora do crime. Todos os adolescentes têm passagens pela polícia. A mandante do crime foi indiciada por duplo homicídio qualificado, em virtude de a vítima estar grávida, de modo torpe, sem chance de defesa da vítima, considerado, segundo Becker, como crime hediondo.

Um pedido de internação do menor, autor dos disparos, foi realizado, no entanto, a polícia ainda aguarda a decisão da Justiça. Os demais envolvidos irão responder o processo em liberdade.

Chacina
Já a maior chacina registrada neste ano no Rio Grande do Sul, o assassinato de cinco homens em um bar na rua Lajeadense, bairro Municipal, conforme o delegado Álvaro Pacheco Becker destacava desde o início das investigações, é consequência da “guerra entre duas facções criminosas”, em Bento Gonçalves. Os investigadores apontaram que a ordem para a execução de membros do grupo rival partiu de Valdeni Alves da Silva, 31 anos. O fato inusitado é que ele estava preso na penitenciária de Caxias do Sul e, mesmo encarcerado, ordenou as execuções em Bento Gonçalves. No mês passado, a polícia civil solicitou a transferência dele para o presídio de Charqueadas, com o intuito de reduzir sua atuação no comando da facção.
Valdeni teria convocado seis comparsas para ir até o bar onde estariam as vítimas e efetuar os disparos. Até o momento, quatro desses indivíduos já foram identificados, além do mandante.  A Polícia Civil pretende representar pela prisão preventiva dos quatro indiciados ainda nesta semana. A investigação prossegue para identificar outros dois envolvidos.

De acordo com o delegado, dos 43 casos de homicídio ocorridos em Bento Gonçalves neste ano, pelo menos 40 têm relação com o tráfico de drogas. O policial aproveitou para cobrar das autoridades mais infraestrutura para elucidar os casos com mais rapidez e precisão. “Bento Gonçalves hoje é a cidade mais violenta do Estado e, mesmo assim, contamos com apenas dois investigadores para esclarecer os crimes que ocorrem por aqui. Enquanto isso, os bandidos estão cada vez mais equipados. Precisamos ser assistidos pelo Estado”, desabafou o delegado Álvaro.