Polícia procura estuprador de três mulheres
A divulgação das imagens de um suspeito de ter cometido estupros em série em Bento Gonçalves pode comprometer seriamente as investigações realizadas pela Polícia Civil. De acordo com a delegada Isabel Pires Trevisan, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), equipes já estavam fazendo o monitoramento da região e agora, provavelmente, o suspeito não deverá mais agir no mesmo local. “Embora nós tenhamos todas as imagens e fotografias referentes aos crimes, o compartilhamento via internet prejudicou muito a investigação, já que estávamos prestes a identificar o suspeito. Agora, ele deverá ficar por algum tempo escondido e voltará, possivelmente, a cometer novos crimes em outros locais, porque um estuprador normalmente repete as condutas”, alega.
O último fato ocorreu na manhã de terça-feira, dia 6, no bairro Botafogo. Por volta das 6h30, uma mulher de 27 anos foi abordada por um homem jovem, de estatura mediana, que vestia jaqueta de tactel e calça social. Armado com uma faca, ele anunciou o roubo e conduziu a vítima até um matagal próximo, onde a agrediu e a estuprou.
Por questão de confidencialidade, a delegada prefere não falar sobre casos específicos, mas revelou que outros dois crimes do mesmo tipo foram registrados recentemente. “No geral, os autores de estupro são conhecidos da vítima: o pai, o padrasto, vizinhos ou tios, por exemplo. Os três casos que estamos investigando são diferentes: há possibilidade de ser o mesmo criminoso, mas ele não é conhecido das vítimas. Nos casos registrados em setembro e outubro do ano passado, não tínhamos a certeza de se tratar do mesmo homem, já que a arma usada para ameaçar foi diferente. Com mais um registro na mesma região, no entanto, nós temos quase certeza de se tratar do mesmo indivíduo”, revela Isabel.
Na última quarta-feira, dia 7, imagens de um possível suspeito caminhando pela rua Alberto Pasqualini e abordando duas mulheres foram divulgadas através das redes sociais. A delegada não hesitou em demonstrar descontentamento com a divulgação. “A polícia não divulgou nenhuma imagem, não passamos nenhuma informação. Essas vítimas já estão absolutamente feridas pela gravidade do crime e pela exposição. Divulgar essas imagens, mesmo as mulheres estando de costas, cria um constrangimento e dano moral. As vítimas estão absolutamente abaladas em razão desse tipo de divulgação”, destaca.
Imagens distorcidas
A delegada disse que não tomou conhecimento sobre que trechos das gravações foram disponibilizados na internet, mas salientou que as imagens obtidas pela polícia não possuem qualidade suficiente para apontar o autor dos crimes. “O que aparece é um pouco diferente do que as vítimas relataram. As roupas, por exemplo, parecem ser de cor clara, mas as mulheres disseram que eram escuras. Como foram feitas à noite, as imagens podem ter as cores alteradas”, aponta.
Isabel adverte ainda para outro problema que a divulgação de imagens pode gerar: a condenação popular de um inocente. “As pessoas podem acreditar que o suspeito é um determinado homem e ocorrer algum tipo de vingança, morte, agressão, ou, ainda, humilharem uma pessoa que não tem nada a ver com a situação. Um estuprador em série é alguém que traz muita comoção à sociedade, com toda a razão. Por isso, a responsabilidade de prendermos a pessoa certa”, finaliza.
Denúncias
A delegada pede ajuda à comunidade. “As investigações vão continuar. Solicitamos à população que, caso alguém tenha qualquer tipo de informação sobre os casos, entre em contato para que possamos encontrar esse criminoso. A dificuldade está em confirmar a identidade dele, já que nenhuma das vítimas disse reconhecê-lo. O fato de termos a imagem dele não quer dizer que saibamos quem é”, detalha. Denúncias – inclusive anônimas – podem ser feitas pelo telefone (54) 3452 3200, que funciona 24 horas.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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