Policiamento Comunitário: ano considerado positivo

Na última quarta-feira, dia 23, o Policiamento Comunitário completou um ano de implantação em Bento Gonçalves. A reportagem do SERRANOSSA teve acesso a números gerais de ocorrências e atendimentos registrados durante o período. Se analisados de forma absoluta, os dados apontam um ligeiro aumento em algumas das estatísticas: dos 12 tipos de delitos compilados, 7 tiveram crescimento no município, enquanto 4 apresentaram queda e 1 permaneceu inalterado (veja abaixo). 

Para o comandante do 3° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat), major José Paulo Marinho, a maior quantidade de ocorrências representa a aproximação da Brigada Militar (BM) com a comunidade e não indica, necessariamente, uma elevação na criminalidade. “Os números aumentaram devido ao que chamamos de queda das Cifras Negras, que basicamente são aquelas ocorrências que antes não eram registradas pelas vítimas. Com a proximidade da corporação, as pessoas estão registrando e procurando a polícia em casos considerados menores. Isso não quer dizer que tivemos aumento nos crimes, mas nos registros realizados”, explica.

Segundo o major, a população tem percebido maior atuação da BM nas ruas da cidade. “Na medida em que se observa a presença de mais policiais e viaturas, os moradores efetuam registros que antes não eram realizados. Com isso, as estatísticas tornam-se mais fidedignas com a realidade, o que permite criar estratégias para melhorar a segurança pública de forma mais precisa”, afirma.

Como lado positivo, Marinho salienta a integração entre a comunidade e a polícia. “Observamos uma melhora na prestação de serviço da BM junto às comunidades que são atendidas pelo Policiamento Comunitário e, por consequência, a criação de fortes vínculos entre a Brigada e a população. A ideia é que os policiais estejam totalmente integrados e que, por morarem nos bairros onde trabalham, possam conhecer os moradores e os estabelecimentos, o que já vem acontecendo”, cometa o major. 

O comandante lembra que muito ainda precisa ser feito. “Problemas ainda persistem, mas a maioria não depende da BM para ser resolvida. Para que o trabalho seja mais eficiente, precisamos que mais pessoas participem das reuniões que fazemos nas comunidades. É muito importante a participação popular para cobrar providências dos órgãos responsáveis pela solução dos problemas que fogem do alcance da corporação”, argumenta.


Tendência regional

Um dos dados relativos ao primeiro ano do Policiamento Comunitário aponta para uma elevação nos registros de furtos ou roubos de veículos. Segundo o major, essa é uma tendência verificada em toda a região. “Esse aumento foi observado em praticamente todas as cidades da Serra Gaúcha. Vale lembrar que os números estão compilados, mas de forma mais detalhada é possível observar aumento em alguns bairros e queda em outros. Isso se deve à localização de algumas comunidades e à possibilidade de fuga”, explica. O item que mais surpreende é o de roubos a pedestres, que cresceu 35%. “Esse é um dos casos em que houve acréscimo nas ocorrências em função do maior número de registros. Antes as pessoas não registravam tanto esse tipo de ocorrência. Como a BM está mais nas ruas, a população tem repassado mais informações aos policiais”, alega Marinho. 

Da mesma forma que alguns tipos de ocorrências tiveram aumento, outras importantes apresentaram queda. Roubo a estabelecimentos comerciais foi uma delas, com redução de 35% após a implantação do Policiamento Comunitário. “Esse bônus pode ser explicado pela melhor orientação que nossos comerciantes estão tendo em função de estarem próximos e convivendo com os policiais em suas comunidades”, garante o major. 

Já o dado mais alarmante envolve os homicídios – foram 12 casos a mais do que no ano anterior à implantação do sistema. “O crescimento desse item se deve muito ao último mês de março. Registramos quatro homicídios em 30 dias, o que é atípico. Esse mês foi um período complicado para toda a região, a exemplo de Caxias do Sul e Vacaria, que também calculam aumentos significativos nos homicídios. Esse índice tende a estagnar”, afirmou. Em março, uma reportagem do SERRANOSSA mostrou que a maioria dos assassinatos registrados neste ano em Bento tem como motivação o tráfico de drogas.

O comandante também ressalta que serão realizadas mais operações para retirar de circulação armas de fogo que estão em poder dos delinquentes. “De posse dessas informações, agora traçaremos as metas para o segundo ano. Certamente vamos realizar forças-tarefas para coibir a circulação de armas no município. A intenção agora é adotar medidas para minimizar as ocorrências que apresentaram aumento. Quero reforçar e pedir para que comunidade participe das reuniões do Policiamento Comunitário. Esse envolvimento nos dá um retorno das atividades realizadas e pode auxiliar na postura da BM para a sequência do trabalho”, argumenta Marinho. 

Os dados completos e detalhados devem ser apresentados nas próximas semanas com a participação do coordenador do Programa de Polícia Comunitária no Estado, coronel Júlio César Marobin, e também com a apresentação de dados e trabalhos realizados pelo núcleo comunitário da Polícia Civil. 


Mais dois núcleos

O município conta hoje com um total de 18 policiais lotados em seis núcleos: São Roque/Universitário, Progresso/Humaitá/Maria Goretti, Cidade Alta/Juventude, São Francisco/Licorsul, São Bento/Planalto/Fenavinho e Botafogo/Santa Rita. Mais duas comunidades serão beneficiadas ainda em 2014, conforme já antecipado pelo SERRANOSSA. Está em andamento o projeto de instalação de um núcleo nos bairros Santo Antão/Santa Helena e outro no distrito de São Pedro (Roteiro Caminhos de Pedra).

Repotagem: Jonathan Zanotto


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.