Policiamento Comunitário: de piloto a referência
Após um ano da criação dos núcleos de Policiamento Comunitário em Bento Gonçalves, o projeto vai ganhando, cada dia mais, a confiança dos moradores dos bairros e comunidades onde foi implantado. A aproximação entre a polícia e a população visa prevenir de forma mais efetiva a violência, trazendo soluções mais baratas e eficazes.
Desde a última segunda-feira, dia 16, Bento Gonçalves conta com dois novos núcleos de Polícia Comunitária. Um deles irá atender aos moradores dos bairros Santa Helena e Santo Antão e o outro contempla os moradores do distrito de São Pedro e do bairro Barracão. No total, o projeto já implantou oito núcleos da Brigada Militar e um da Polícia Civil no município, o que faz da cidade a que tem o maior efetivo de policiais comunitários do Estado.
Caminhos de Pedra
A ideia do Policiamento Comunitário é designar um efetivo – hoje cada núcleo conta com três policiais – que possa atender às demandas de cada região e coibir os mais diversos tipos de delitos. Para a presidente da Associação Caminhos de Pedra, Graziela Cantelli, a conquista representa a esperança na diminuição de ataques aos estabelecimentos e residências da comunidade. “O número de turistas cresce a cada dia e essas localidades ficam mais visadas. O maior número de pessoas que passam por essa região faz com que aumente o fluxo de dinheiro que circula no comércio daqui, aumentado assim o foco nos moradores, o que chama a atenção para possíveis roubos e furtos. Há algum tempo nós tivemos uma onda de assaltos, aliás, eu fui uma das vítimas. Ficamos apavorados e fomos em busca de uma solução. Realizamos algumas reuniões com as autoridades para encontrarmos uma forma eficiente de monitoramento há cerca de um ano. Na época foi nos repassado que não havia recursos para tal. Por isso hoje consideramos o Policiamento Comunitário uma conquista nossa”, comemora.
Com a esperança na melhora das condições de segurança, o objetivo agora é integrar os soldados à comunidade. “Dois dos policiais designados para o policiamento no núcleo já são conhecidos dos moradores e possuem um certo vínculo. A nossa comunidade é muito aberta e receptiva, os moradores têm um modo diferente de acolher o turista, não apenas de uma forma comercial, mas através de uma receptividade mais fraternal e aconchegante. Com certeza, dificuldade não vai existir em aproximar os policiais da comunidade”, diz a presidente.
Santo Antão
Com o mesmo objetivo de aumentar a sensação de segurança, porém, com outras demandas, o membro do Conselho de Segurança da Associação de Moradores do bairro Santo Antão, Álvaro Dartagnan Nicolau, espera que os furtos e roubos a residências tenham uma queda considerável a partir da implantação do núcleo Santo Antão/Santa Helena. “O que a gente espera é que aumente a segurança do bairro com a circulação de um efetivo mais frequente. Nós precisávamos desse policiamento mais presente nas ruas do bairro”, alega. “Todos os assaltos são pontuais, existe uma brecha de horário que os bandidos utilizam e contando, obviamente, com a ausência de um policiamento mais ostensivo. Com a chegada do Policiamento Comunitário esperamos que a rota desses assaltantes mude e que os moradores se sintam mais protegidos”, explica Nicolau.
O presidente espera ainda que outro ponto seja combatido pela BM: a sensação de insegurança ao transitar pelas ruas do bairro. “As pessoas têm saído das suas casas para trabalhar e para lazer e querem ter a certeza de que nada vai lhes acontecer. A gente sabe que 100% não irá resolver, mas temos a certeza de que as coisas vão melhorar. O principal problema que temos são os assaltos a residência e esperamos que os moradores se sintam mais protegidos, que ao chegar em casa não sintam medo de abrir o portão da garagem”, salienta.
Policiamento x Zona Azul
Construído a partir de experiências executadas em Bento Gonçalves em 1999, o Policiamento Comunitário também foi adotado em outros locais no Estado. Considerando o novo modelo, Bento é município do Rio Grande do Sul que conta com o maior número de núcleos e de policiais. Somente em 2013, a prefeitura investiu pouco mais de R$ 1,8 milhão em auxílio-moradia para os policiais. Através do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), outros investimentos são feitos como na compra de viaturas e equipamentos de uso pessoal dos servidores.
Durante as cerimônias que marcaram a criação dos dois novos núcleos de Policiamento Comunitário na cidade, o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, lamentou a perda de recursos provenientes da Zona Azul, estacionamento rotativo. “Não quero polemizar, mas gostaria que as pessoas soubessem que o aumento da tolerância da Zona Azul, mesmo que seja mínima, acarretará na perda de, pelo menos, R$ 15 mil mensais. Esse dinheiro que é repassando integralmente ao Consepro deixará de ser investido na segurança pública do município”, explica.
Pasin fez questão de esclarecer que todo o dinheiro arrecadado com o estacionamento nas áreas centrais da cidade é repassado para o Conselho Pró-Segurança. “Nada desse dinheiro entra no caixa da prefeitura, tudo vai para o caixa do Consepro que depois reinveste na segurança de Bento Gonçalves, na compra de viaturas, aparelhamento, auxílios e que consequentemente reflete na sensação de segurança da nossa população”, garante.
Ampliação prossegue
Para o comandante do 3° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat), major José Paulo Marinho, a ampliação desse projeto mostra que o Policiamento Comunitário se torna cada vez mais um exemplo a ser seguido. “Esse novo modal que nós implantamos, em abril do ano passado, inicialmente com seis núcleos, e agora com mais dois com a participação do Poder Público municipal e também do governo do Estado através da cedência das viaturas e dos policiais, se torna uma realidade e uma referência em segurança pública”, conta.
O comandante garante que o Policiamento Comunitário continuará crescendo no município. “Queremos que as comunidades estejam bem servidas na questão de segurança pública, e agora esperamos ampliar em mais um núcleo o projeto, desta vez em São Valentim e Tuiuty. Essa é uma nova luta que vamos travar para conquistarmos esse policiamento ainda neste ano”, garante. O major disse que não há uma data para criação do novo núcleo, mas garantiu que a viatura que será utilizada já está garantida.
Reportagem: Jonathan Zanotto
É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.
Siga o SERRANOSSA!
Twitter: @SERRANOSSA
Facebook: Grupo SERRANOSSA
O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.