Por falta de incentivos, 25ª edição do Bento em Dança pode ser a última

Raquel Konrad

Neste sábado, dia 14, encerra mais uma edição do tradicional Bento em Dança, festival que promove mais de 50 horas de espetáculo no Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Ao desligar as luzes de seu palco, que só neste ano recebeu mais de seis mil bailarinos oriundos de todos os estados brasileiros e de cinco países diferentes, o evento pode estar encerrando definitivamente suas atividades. O motivo? Falta de incentivo, de investimentos. A afirmação é da fundadora e presidente do Bento em Dança, Erci Grapiglia, que dedicou 25 outubros de sua vida ao festival. “Sofremos com a falta de incentivo ano após ano e, por isso, tornou-se insuportável e impossível de continuar. Infelizmente essa é uma realidade que deixa a família da arte da dança muito triste”, confessou durante a abertura do evento, no último dia 8.  

O festival, que é aguardado com ansiedade e expectativa durante todo ano por muitas escolas, seja para o concurso, seja para as oficinas, proporciona troca de informações, oportunidade de aperfeiçoamento e contato com grandes profissionais da área. “Mais de 140 mil bailarinos já passaram pelo Bento em Dança. É uma população que supera o número de habitantes de Bento Gonçalves. Aqui, muitos chegaram como alunos e se tornaram professores ou grandes bailarinos. Cada um foi crescendo junto com o evento. E esse talvez seja o grande mérito do festival, que segue promovendo a arte da dança e oportunizando o aperfeiçoamento pessoal e profissional”, afirmou Erci.

Para a presidente do Bento em Dança, a programação preencheu uma lacuna na cultura da cidade, que carece de arte na sua forma de expressão mais autêntica e sofre as consequências da falta de apoio. “Se as luzes do palco do Bento em Dança se apagarem, não é por desejo nosso, mas simplesmente pela falta de incentivo”, esclarece.

CONTRAPONTO
Em nota, o secretário de Cultura, Evandro Soares, afirma que embora o Marco Regulatório do Terceiro Setor, que estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em vigor desde janeiro deste ano, não permita mais o simples repasse de verbas através de auxílio financeiro como acontecia em anos anteriores, a prefeitura não deixou de apoiar o evento de outras maneiras. “Bento Gonçalves entende a importância do Bento em Dança e sempre apoiará e defenderá que o evento aconteça. Por isso, neste ano, foi o principal agente na liderança de captação de recursos junto aos parceiros Corsan e Banrisul, através do Ministério da Cultura, Lei Rouanet. Além disso, intercedeu na negociação para reduzir o valor de locação da Fundaparque e ainda auxilia com transporte de bailarinos e divulgação”, argumenta Evandro.

Ele ainda afirma que um evento de tanta importância no cenário artístico, cultural e turístico, como o Bento em Dança, não pode parar, mas que o festival “é de caráter privado e o município não faz parte de qualquer decisão sobre a gestão do evento, ou seja, sobre a continuidade ou não do mesmo”. O secretário destaca a importância de se reunir “para conversar e buscar soluções” e conclui: “O Bento em Dança não pode parar!”.

FIM DE SEMANA COM ESPETÁCULOS
O Bento em Dança ainda reserva grandes espetáculos. Nesta sexta-feira, dia 13, os estilos que imperam no palco do festival são o sapateado e o estilo urbano. Já no sábado, dia 14, acontece a Gala de Encerramento com a apresentação dos grandes vencedores, a partir das 18h. Ingressos custam R$ 20.