Por que seu negócio depende tanto de outros?
Em 2007, recebi uma proposta para lançar meu primeiro livro. Coisa rara um escritor novo como eu virar aposta de uma editora. Quando cheguei a Porto Alegre para negociar tal proposta, fui novamente surpreendido, a editora apresentou um modelo de negócio no qual eles bancariam 100% de meu livro, ou seja, se não desse certo, o prejuízo era todo deles. Talvez por uma questão ética, também me apresentaram uma segunda proposta em que eu bancaria a publicação e ficaria com 70% do lucro das vendas. É claro que eu escolhi a primeira opção: eu não confiava no meu trabalho. Sendo assim, com a editora bancando os riscos, meu ganho seria somente de 10% sobre o preço de capa. Para ser mais objetivo: eu ganharia R$ 2,50 por livro vendido. Bem, hoje esse livro está na quarta edição. O preço que “paguei” por não acreditar em mim? Deixei de faturar R$ 60 mil. Foi a pancada que eu precisava para desenvolver um modelo de negócio próprio.
Em 2015, o SERRANOSSA entrou de cabeça no meu projeto de um novo livro com crônicas do jornal. Lançaríamos sem uma editora e eu ficaria com 90% desses livros: a princípio, a edição seria de 500 livros, mas eu havia aprendido que deveria confiar mais em mim, sendo assim paguei de meu bolso mais 500 livros. Eu tive sete anos para planejar como eu próprio poderia vender meus livros, eu tinha certeza sobre minhas decisões.
Recentemente, uma das maiores redes de livrarias do país me fez uma proposta, eles queriam colocar meu livro em todas suas lojas. Mas minha resposta foi não. Eles pareciam confusos, foi aí que eu percebi ter criado um caminho próprio para minha carreira. Para mim, um livro meu vendido em uma livraria é um potencial cliente perdido. Vejam bem, nos últimos 60 dias eu vendi 500 livros, todos através de e-mail. Está lá o cliente, seu endereço, para quem foi sua dedicatória e até muitas histórias de vida. Para qualquer livro ou CD novo que eu lance, lá estão eles, esperando meu e-mail para oferecer aquele trabalho.
Foram para 26 estados, pessoas que na grande maioria nunca conhecerei pessoalmente, todas conectadas a mim através do meu trabalho. Recentemente desenvolvi um kit em que todos os meus trabalhos e diversos presentes são enviados para todo Brasil por R$ 59 – com o frete também pago por mim. Para vocês terem uma noção, meu último livro seria vendido a R$ 69 se eu tivesse feito um acordo com essas livrarias. Tenho mais trabalho? Certamente, mas meu lucro é 80% maior, além do contato direto que desenvolvo com as pessoas. Trato-os então como seres humanos, pois se os tratasse como clientes eu me tornaria um mero produto.
Alguns podem pensar que eu estou fazendo marketing sobre meus trabalhos aqui, mas na verdade o que eu estou querendo vender é a ideia de que, sim, você pode desenvolver seu trabalho sem contar com falsos indispensáveis. Eu vendo livros em um dos países do mundo que menos lê, por que razão você não conseguiria vender seu trabalho? Por que você precisa de um financiador? Seu carro é indispensável, ele é mais importante do que seu sonho? Então o venda e acredite no seu negócio. Você não quer ter que trabalhar 12 horas por dia? Então lamento lhe informar, mas você detesta o que faz. Quanto custa a balada no final de semana? E aquela roupa? Tudo isso vale o esforço de, na segunda-feira, você precisar acordar cedo e ir a um trabalho que você detesta?
Quem acredita em si, investe. Pare com as desculpas. Sonhos são feitos de sacrifícios. De quanto tempo você precisa para abrir seu negócio? 10 anos? Ótimo, você já tem seu foco, amanhã é um ótimo dia para começar a lutar por algo em que você realmente acredita.