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“Praticamente 100% dos moradores do Vale dos Vinhedos estão apoiando o conselho”

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Sandro Valduga, presidente da Aprovale, comenta sobre a não aprovação de projetos milionários na rota turística e defende que “desenvolvimento socioeconômico tem que ser de forma sustentável e não caótica”. Entidade e BeWine divulgaram nota oficial nesta semana.

A construção do grandioso BeWine Resort e do maior museu de vinho do mundo, além do Gramado Park, projeto encabeçado pelo Grupo Salton, que estão previstos para serem erguidos no Vale dos Vinhedos, não foram aprovadas pelo Conselho Distrital de Planejamento do distrito. A decisão foi tomada durante reunião do conselho na manhã de segunda-feira, 21/03 e repercutiu na comunidade. O impacto social que os empreendimentos podem causar no Vale teria sido o motivo da rejeição.

Nesta semana, a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem-estar da Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, que tem como presidente o vereador Anderson Zanella, solicitou ao Ipurb o conteúdo da reunião, com íntegra de áudios, fotos, vídeos e lista de presenças da reunião de segunda-feira, e ainda aprovou a convocação do presidente do conselho e subprefeito do Vale, Marciano Batistelo, para dar explicações na reunião das comissões na Casa Legislativa na próxima terça-feira, 29/03.

Além disso, líderes de entidades se manifestaram sobre a polêmica. O presidente da Aprovale, Sandro Valduga, aponta que uma das principais atrações procuradas pelos turistas é o passeio pelos vinhedos e a primeira obrigação de uma Denominação de Origem é a delimitação e salvaguarda das áreas de cultivo, muito antes dos aspectos relacionados com a elaboração do vinho. “Por isso, a Denominação de Origem é a primeira instituição que deve se opor ao surgimento de iniciativas urbanísticas como as que se pretendem instalar no Vale dos Vinhedos. Os espaços agrícolas dedicados ao cultivo da vinha numa Denominação de Origem não devem alterar a sua dedicação vitícola”, defende.

“Pode parecer que esse aumento urbano reflete o sucesso do produto, mas é um equívoco “

Segundo Sandro, nos últimos anos, houve perda de terras cultivadas na área do Vale, provocada pelo aparecimento de edifícios hoteleiros, vitivinícolas, comerciais e outros, e que isso está tendo um impacto negativo na qualidade do produto turístico. “Pode parecer que esse aumento urbano reflete o sucesso do produto, mas é um equívoco. O enoturismo, que é procurado em todas as áreas vitivinícolas, manifesta-se em produtos de qualidade incompatíveis com grandes infraestruturas hoteleiras ou comerciais, mais típicas do turismo de praia do que do turismo interior baseado no substrato rural”, destaca, sugerindo que a área do Vale dos Vinhedos deva copiar os modelos de sucesso de áreas vitícolas de qualidade como Napa Valley, Mendoza ou Bordeaux, onde o importante é a vinha e não os serviços turísticos.

O presidente da entidade também destaca que a chegada massiva de visitantes diminuirá rapidamente a qualidade do turismo e aumentará os problemas já observados em outros tipos de turismo. “Por outro lado, a conversão de terrenos agrícolas em terrenos urbanos faz disparar os preços dos terrenos, impedindo as novas gerações de adquirirem terrenos agrícolas”, explica.

“As pessoas do conselho distrital estão muito mais bem informadas sobre as situações socioeconômicas que acontecem nas comunidades do que nossos governantes do município”


Ele ainda destaca que o Vale dos Vinhedos tem mais de 2 mil moradores e que “praticamente 100% deles estão apoiando o conselho distrital”. Questionado sobre o porquê uma empresa hoteleira conseguiu aprovação e outra não, Sandro Valduga, explica que são “questões técnicas analisadas pelos profissionais”. Já sobre a movimentação de agentes políticos para acabar com o poder deliberativo dos conselhos, ele afirma que os conselhos distritais têm a finalidade de orientar a prefeitura (Ipurb). “As pessoas do conselho distrital estão muito mais bem informadas sobre as situações socioeconômicas que acontecem nas comunidades do que nossos governantes do município, que muitas vezes não tem tempo para fazer esse elo de ligação entre a comunidade e a Prefeitura e acabam desconhecendo nossa realidade”, descreve. “Nós (Aprovale e todos seus moradores) sempre vamos apoiar o Poder Público de Bento Gonçalves para seu desenvolvimento socioeconômico de forma sustentável e não caótica”, finalizou.

O que diz o Be Wine


Em nota, o Bewine aponta que o projeto foi aprovado em novembro de 2021 pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB) de Bento Gonçalves e cumpre rigorosamente todas as normas estabelecidas. “Para a sua aprovação, foram solicitadas algumas adequações no projeto, e todas, sem exceção, foram executadas. Queremos manter o diálogo aberto com o Conselho Distrital do Vale dos Vinhedos e estamos à disposição para prestar qualquer esclarecimento – inclusive reapresentando o projeto aos conselheiros. O Bewine dará ainda maior impulso ao desenvolvimento social e econômico da Serra Gaúcha, principalmente para Bento Gonçalves e o Vale dos Vinhedos, onde será construído – reduzindo o déficit da rede hoteleira, já que dividido entre 421 apartamentos e o maior parque temático do vinho do mundo, o complexo terá capacidade de receber 1,6 milhão de público passante. Serão gerados mais de 2,4 mil empregos diretos e indiretos, em um investimento que ultrapassa os R$ 300 milhões, sendo o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,3 bilhão”.

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