Prefeitura de Bento amplia comunicação com imigrantes como forma de prevenção ao Coronavírus
Diante da pandemia do novo Coronavírus, o município de Bento Gonçalves tem investido em ações para levar EPIs, materiais de higiene, alimento e informação aos moradores em vulnerabilidade social. Essas iniciativas incluem a população imigrante, composta por haitianos, senegaleses e venezuelanos – os quais lidam diariamente com a dificuldade de comunicação.
A fim de centralizar esses serviços voltados aos públicos mais vulneráveis, o município criou, no dia 06/04, o Núcleo de Ação Social (NAS), vinculado à Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (SEDES). O NAS tem o propósito de fazer a interlocução entre o poder público e a comunidade de imigrantes, a comunidade carcerária, indígena e de moradores de áreas de ocupação irregular.
Um dos focos diante dessa pandemia tem sido auxiliar haitianos e senegaleses no enfrentamento à COVID-19. “Hoje na secretaria de Saúde temos o Jonel Pierre [haitiano que auxilia na comunicação entre o município e os imigrantes]. Mas a demanda aumentou muito por causa da pandemia. Então o NAS foi solicitado para auxiliar a secretaria nesse processo”, explica a coordenadora do NAS, Lisiane Pires.
Dessa forma, o NAS, em conjunto com a SEDES, tem realizado visitas aos domicílios desses imigrantes, a fim de levar orientações acerca da importância do isolamento social e de outras formas de prevenção, além de levar EPIs, alimentos e produtos de higiene para aqueles que precisarem. “Preparamos informativos para utilização das máscaras, informativos sobre normas e condutas para quem está em isolamento domiciliar, tudo em Crioulo. E também disponibilizamos um canal de comunicação, que é remoto. Quem atende é o colaborador Pierre, da Secretaria de Saúde, e a Youslie St Germain, colaboradora do NAS. Ela fala português e espanhol, então tem nos auxiliado inclusive com os venezuelanos”, relata Lisiane.
Essas ações visam reduzir o registro de casos de Coronavírus, principalmente entre os haitianos. Apesar de a prefeitura não poder divulgar números exatos sobre quantas pessoas foram infectadas, Lisiane revela que houve sim uma ocorrência preocupante entre os haitianos. “Eu acredito que tem muito a ver com a comunicação. E também pode ter um pouco da questão cultural. Culturalmente eles vivem em comunidade. Digamos que se alguém é positivo para a COVID-19, essa pessoa vai ter contato com as demais que moram junto. Por isso criamos essa ação de intensificar a informação no idioma deles e levar assistência”, explica.
Aulas de crioulo
Desde o dia 18/05, o NAS está promovendo aulas de crioulo para servidores públicos municipais, ministradas por haitianos voluntários. O objetivo é capacitar colaboradores dos setores de saúde, assistência social e educação. “A iniciativa surgiu devido ao aumento da população haitiana buscando os serviços municipais e essa dificuldade de comunicação. Conseguimos fazer 5 turmas, uma à tarde ministrada pela Youslie, das 14h às 15h, e as demais à noite, divididas de segunda à sexta-feira. Até o momento, temos cerca de 50 pessoas inscritas”, informa Lisiane. A duração do curso será de dois meses e a ideia é que seja ampliado para outros públicos posteriormente.
Os conteúdos são transmitidos em uma sala virtual e dúvidas podem também ser sanadas pelo grupo de WhatsApp com o professor responsável pela turma.
Mais informações pelos telefones: (54) 99191-0131ou (54) 98168-2961.
Foto: Divulgação/NAS