Prefeitura e Tacchini assinam contrato de R$ 37 mi
Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) terão atendimento garantido por mais um ano em Bento Gonçalves. Após dias de dúvidas e tratativas, a prefeitura assinou, na última terça-feira, dia 27, a renovação de contrato com o Hospital Tacchini para prestação de serviços, os quais incluem internações e exames.
O acordo firmado destina quase R$ 37 milhões à instituição, dos quais o Poder Público municipal se responsabiliza por, aproximadamente, 19% – um crescimento de mais de 3% na participação em relação a 2013. “O SUS é uma ação compartilhada entre as três esferas e estamos investindo mais por conta da inadimplência das outras duas”, explica o coordenador médico da secretaria municipal de Saúde, Marco Antônio Ebert. As participações federal e estadual caíram de 71% para 70% e de 12% para 10%, respectivamente, nos últimos dois anos.
O valor do contrato ainda não é suficiente para cobrir todos os gastos do hospital com atendimentos pelo SUS. “Para receber o valor integral, gastaremos quase R$ 60 milhões”, informa o presidente do Conselho de Administração do Tacchini, Edson Zandoná. Segundo ele, o contrato apresenta R$ 1 milhão a mais que o de 2013, um aumento de 2%, em um período em que o acumulado da inflação superou 16%.
Com o mínimo de 15% previsto em lei, os recursos municipais destinados à saúde têm chegado a 22%. A prefeitura garante estar mantendo sem apoios, por exemplo, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), a qual presta 10 mil atendimentos mensais. Durante o evento da assinatura do contrato, o prefeito Guilherme Pasin lamentou a falta de comprometimento com recursos de um governo “míope e descolado da realidade” e afirmou não ver futuro em um projeto que oferece gratuidade na saúde para todos sem recursos.
Perfil do paciente
Além da dificuldade na obtenção de recursos, o aumento no número e na complexidade de atendimentos frente a um orçamento sem reajuste preocupa o setor. “Houve uma elevação no custeio dos serviços e isso não foi adaptado. O perfil epidemiológico atendido aqui é de primeiro mundo. A maior procura é de pacientes de oncologia, doenças cardiovasculares e traumatologia”, acrescenta Ebert. Bento é referência para o tratamento de câncer para 22 cidades da região, das quais provêm 67% dos pacientes. Conforme o coordenador médico, atualmente, os portadores da doença têm muito mais qualidade de vida e permanecem no tratamento durante anos, o que intensifica o volume de atendimentos, somando-se aos novos casos que surgem semanalmente.
A possibilidade de cortes nos serviços oferecidos pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE) e a alta inadimplência entre os planos de saúde privados são cenários que apontam para uma procura maior pelo SUS nos próximos anos. “Precisamos tirar o foco dos atendimentos e mirar em apoio psicológico e social. A maior demanda da traumatologia é devida a acidentes de trânsito, que podem ser evitados”, conclui Ebert.
Irresponsabilidade
De acordo com Marco Antônio Ebert, o índice de não comparecimento a exames e serviços especializados agendados em Bento Gonçalves chega a 28%. “Além do prejuízo, estes pacientes tiram o espaço de outros”, lamenta o coordenador.
Reportagem: Priscila Pilletti
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