Prefeitura não cede estagiário à AAECO e associação alega represália

AAECO acredita que atitude tenha sido influenciada pela denúncia feita pela associação referente ao desmatamento de área para construção de loteamento às margens da BR-470

Foto: arquivo/SERRANOSSA

A Associação Ativista Ecológica (AAECO) denunciou nesta segunda-feira, 07/03, mais uma situação envolvendo a prefeitura de Bento Gonçalves. Conforme o secretário-geral da associação, Gilnei Rigotto, o Poder Público teria se negado a fornecer um estagiário para auxiliar nos trabalhos da AAECO. “Recebemos um telefonema da secretaria de Administração na sexta feira [04/03], dizendo que nosso estagiário cedido pela Prefeitura Municipal não foi mais aprovado pelo prefeito Diogo Siqueira”, escreveu em suas redes sociais.

Segundo Gilnei, a associação vinha contando com o auxílio de um estagiário cedido há cerca de um ano. Entretanto, o jovem solicitou desligamento por questões pessoais. “Diante disso, solicitamos a troca do estagiário e fizemos os procedimentos documentais da troca. Notei a demora. Isso faz um mês. E aí sexta me ligaram dizendo que o prefeito não autorizou”, relata.

Na opinião da AAECO, a medida se trata de uma represália pela denúncia feita pela associação sobre o desmatamento de uma área às margens da BR-470, para construção de um loteamento irregular. “[A não cedência de um estagiário] vai impactar nos atendimentos externos de denúncias, palestras, protestos e orientações a instituições, porque eu sozinho terei que fechar a ONG para fazer isso”, comenta Gilnei.

Conforme a prefeitura de Bento, “o projeto de lei acerca das cedências de 2022 está em vias de ser encaminhado ao Poder Legislativo. O município tem procurado suprir principalmente a sua demanda interna de pessoal. Não há ainda uma definição final sobre as entidades que irão ou não receber funcionários cedidos do Município e em que quantidade”.

Ao denunciar o fato nas redes sociais, o secretário-geral da associação também desabafou sobre a falta de punição em relação ao caso do desmatamento. “Quem assumiu o Crime Ambiental, verificado pela PATRAM, AAECO e SMMAM foi o próprio Alexsandro Portilho”, citou em referência ao funcionário da prefeitura envolvido no crime. “E quem comete CRIME, CRIMINOSO é. Portanto, não há nada a investigar. O crime JÁ FOI ASSUMIDO, é só demitir por JUSTA CAUSA”, escreveu. Gilnei relembrou, ainda, que o secretário-adjunto de Meio Ambiente, Valcir Luiz Schell, o qual teria tido participação no escândalo do sumiço dos gatos no bairro Conceição, também ainda não foi exonerado.

Por fim, Gilnei comentou sobre o pedido de abertura de CPI na Câmara de Vereadores de Bento para investigar os dois casos – do sumiço dos gatos e do desmatamento. Até o momento, apenas três vereadores assinaram o pedido – são necessárias seis assinaturas. Atualmente, os dois escândalos estão sendo investigados na Polícia Civil e no Ministério Público. Além disso, a prefeitura anunciou que abriu sindicância para investigação interna dos fatos. Até o momento, o Poder Público afirma não ter novidades. “O prefeito atual, ao invés de autorizar sua bancada assinar a CPI para esclarecer os fatos, afinal ‘quem não deve não teme’, toma todas as atitudes de negar as investigações. E a bancada governista nega a CPI, com a desculpa ESFARRAPADA de ser palanque político. Ora senhores EDIS, os crimes aconteceram AGORA, não foram provocados pela ‘oposição’ para propaganda política. Os 26 mil metros de área assassinada não irão esperar o pleito político para gritar por JUSTIÇA. Os GATOS ASSASSINADOS não irão gritar por socorro após o pleito”, finalizou.

Diante da negativa da cedência de um estagiário, a AAECO afirma que está iniciando uma campanha para conseguir dez associados contribuindo com o valor de R$ 50,00 mensais, para manter um funcionário no local. Quem tiver interesse em contribuir com a associação, pode entrar em contato pelo telefone/WhatsApp (54) 99986-8041.