Prefeitura planeja reestruturar Samu

A prefeitura de Bento Gonçalves anunciou na semana passada que pretende reestruturar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na cidade. A intenção, segundo o secretário municipal de Saúde, Roberto Miele, é conferir mais agilidade aos atendimentos, ampliar a oferta de ambulâncias na cidade e reduzir custos. As mudanças, no entanto, não têm previsão de início. O anúncio aconteceu após dias de especulação na cidade. O boato que circulava era de que a prefeitura preparava-se para extinguir o serviço no município. “Ninguém pensou em acabar com o Samu”, garantiu o secretário Miele.

Por enquanto, a reestruturação é apenas um projeto da nova administração. O que motivou o Poder Público a repensar o modelo adotado pelo Samu em Bento Gonçalves – que segue os moldes nacionais – é o tempo de espera entre a ligação para o 192 e a chegada das ambulâncias ao local do atendimento. A demora ocorre porque os chamados são atendidos pela Central Metropolitana de Regulação em Porto Alegre. Somente após todos os dados repassados e avaliação do caso por parte de um médico é que a central entra em contato com a base de Bento Gonçalves, encaminhando o chamado. “A regulação por Porto Alegre faz com que se perca tempo, o que pode custar uma vida”, comentou o secretário de Saúde.

A prefeitura deve iniciar a regulação local no serviço prestado pelo Samu (192) por um período experimental. A mudança pretende facilitar o acesso ao serviço. Em caso de acidentes graves, instituições como o Grupo Rodoviário da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Departamento Municipal de Trânsito poderão acionar o número do telefone celular das viaturas do Samu. A equipe então entra em contato com a Central de Regulação anunciando o deslocamento. As viaturas serão acionadas em situações onde houver principalmente risco de morte. A ligação telefônica é diretamente para o 193 (Corpo de Bombeiros).

Serviço custoso

Além da demora no atendimento, outro problema apontado pelo secretário seria o custo para manter o Samu, considerado alto pela administração municipal. Para manter as duas unidades em funcionamento o custo mensal é de R$ 204 mil. Deste total, R$ 82,5 mil são repassados pelos governos federal e estadual e o restante, 121,5 mil, cabe à prefeitura pagar. “É inegável que o Samu faz um trabalho altamente profissional e necessário, mas existe hoje uma grande demanda e não justifica que o Samu tenha toda sua estrutura exclusivamente para atender chamados de urgência”, destacou Miele, referindo-se aos dias em que não há chamados que necessitem da unidade avançada e lembrando que os profissionais ficam ociosos.

A prefeitura pretende aproveitar os médicos que atuam no Samu no Pronto Atendimento 24 horas e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Os médicos trabalhariam atendendo à população e, quando houvesse necessidade de atendimento por parte do Samu, se deslocariam até a ocorrência. 

O custo do serviço

Custos da unidade básica
Custo total: R$ 45 mil mensais 
Repasse do Estado: R$ 10,2 mil
Repasse da União: R$ 12,5 mil
*O carro possui técnico de enfermagem e motorista, rede de oxigênio, prancha para imobilização de coluna, talas, colares cervicais, cilindro de oxigênio, ressuscitador manual adulto e infantil.

Custos da unidade avançada
Custo total: R$ 159 mil
Repasse do Estado: R$ 32,3 mil
Repasse da União: R$ 27, 5 mil
*A UTI móvel conta com médico, enfermeiro e motorista, incubadora, aspirador cirúrgico, respirador, monitor, oxímetro, bomba de infusão para seringas e material para imobilização.

Demora no atendimento

A população bento-gonçalvense levou certo tempo até se acostumar com o serviço de atendimento, antes prestado exclusivamente pelo Corpo de Bombeiros. As atividades do Samu no município iniciaram em fevereiro de 2011, quando a unidade básica entrou em funcionamento. Já a unidade avançada iniciou os trabalhos em junho do mesmo ano. A diferença desta segunda ambulância é que ela funciona como uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel e conta com médicos a bordo. À unidade avançada estão vinculados 15 profissionais, entre médicos, enfermeiros e motoristas, que se dedicam exclusivamente aos salvamentos realizados pelo Samu. 

Ao longo destes dois anos, diversas foram as queixas da comunidade. A mais recente foi noticiada na semana passada pelo SERRANOSSA: uma mulher de 83 anos morreu no dia 13 de janeiro após enfrentar dificuldades para obter atendimento de emergência em Bento Gonçalves. Segundo familiares, foram feitos telefonemas para o Samu, mas o telefone estava sempre ocupado. “Para o Samu cumprir bem o seu papel de salvar vidas é preciso descentralizar, caso contrário vamos continuar vendo o povo reclamar da demora em atender”, avalia Miele. Isso será possível com a chamada regulação local.

Futuro

Além das duas unidades que hoje prestam atendimento, a prefeitura quer disponibilizar uma UTI móvel da secretaria municipal de Saúde e investir em equipamentos para as unidades de resgate dos Bombeiros. No futuro a intenção é manter apenas a unidade básica do Samu – a funcionalidade da avançada seria substituída pelas outras viaturas.

Reportagem: Carina Furlanetto


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