Prefeitura reavalia projetos do governo passado

A prefeitura de Bento Gonçalves está reavaliando obras e projetos deixados sem conclusão pelo governo Roberto Lunelli. Para a atual administração de Guilherme Pasin, algumas iniciativas terão que ser revistas e podem nem sair do papel, enquanto outras deverão continuar após verificação do andamento das obras e, principalmente, da necessidade de pagamento a fornecedores e executores. A construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Botafogo e as melhorias da Via Del Vino devem ter prosseguimento apenas após essas análises.

No caso das obras que poderão seguir, a prefeitura analisa o quanto já foi pago às empresas responsáveis pelas construções e em que estágio estão os trabalhos. Por conta da crise financeira do final do ano passado e da bagunça nas contas da secretaria municipal de Finanças, foi necessário promover a revisão dos pagamentos e verificar a entrega da contrapartida dos fornecedores. O novo governo assumiu sem saber como – e se – foram pagas as obras, e também não sabe se estas foram realizadas em conformidade com os projetos originais.

Outras iniciativas vão demorar mais para sair do papel, se chegarem de fato a tornarem-se realidade. A localização da Rua Coberta no Centro da cidade, por exemplo, deverá ser rediscutida com a comunidade. A prefeitura, no entanto, pode não receber as verbas para a obra caso não seja encontrado um local que agrade a população. E a construção de uma biblioteca pública na praça Centenário, outra obra anunciada pelo governo anterior, ainda está em fase de projeto, sem garantia de prosseguimento.

Prefeitura aguarda laudo da UPA

Deve ser apresentado nos próximos dias o laudo realizado pelo engenheiro civil Silverius Kist Jr. destinado à conclusão das obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada no bairro Botafogo. A Engeporto Projetos e Construções Ltda, empresa responsável pela construção, já se comprometeu a retomar os trabalhos.

O levantamento busca identificar eventuais inconformidades com a execução do projeto e verificar as condições dos elementos construtivos da obra. Paralelamente, a Engeporto também esteve no local para fazer sua própria vistoria. O secretário municipal de Saúde, Roberto Miele, conta que a expectativa para a entrega do relatório é grande. A UPA é tratada como uma das prioridades da pasta. “Quanto antes entregarmos esta obra para a comunidade, melhor”, explica. A estrutura substituirá o Pronto Atendimento 24h que funciona no antigo Hospital Galassi, no bairro Botafogo. 

A construção faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, mas foi paralisada em outubro do ano passado por falta de recursos. A empresa que executa a obra ainda tem valores a receber do município. Ela está entre os fornecedores atingidos pelo decreto que suspende os pagamentos referentes à dívida até 31 de dezembro de 2012. 

Cerca de 90% da obra de 1.900m², o que corresponde à primeira fase, estaria concluído, no entanto a paralisação dos trabalhos tem contribuído para acelerar a deterioração do prédio antes mesmo da inauguração. São várias as paredes que apresentam infiltrações, há mofo e umidade, parte do mobiliário adquirido está estragando, além de outros equipamentos comprometidos pela ação do tempo. Também estão faltando cobertura e proteção no telhado.

Conclusão da Via Del Vino

Ainda não há previsão para a conclusão das obras de revitalização da Via del Vino. A continuidade dos trabalhos depende de contrapartidas por parte do município para realização das etapas faltantes. Por medida de segurança, a nova administração iniciou reparos nos buracos deixados na calçada, onde haviam sido colocadas tábuas provisoriamente. Os pontos estão sendo concretados para evitar acidentes e dar mais comodidade aos pedestres que circulam pela praça. 

Conforme a coordenadora de projetos da prefeitura Lenice Sberse Nery, antes de retomar a obra o município está analisando as contas relativas à antiga administração para saber o que já foi pago. Caso haja valores pendentes, é necessário haver recursos em caixa para saldar a dívida e também para as contrapartidas necessárias para as demais etapas. 

Lenice explica que para se poder executar obras que necessitem de investimentos por parte do município, mesmo que pequenos, é preciso haver folga no orçamento. “Esta folga econômica é necessária para, caso haja imprevistos no projeto, não precisemos paralisar a obra”, esclarece. Segundo ela, quando os trabalhos forem retomados a intenção é não precisar interrompê-los e ter uma data certa para conclusão.  

A revitalização da Via del Vino teve início em junho de 2011 e foi interrompida em razão da crise financeira do município. As obras estão dividas em três etapas. A primeira ainda está em fase de conclusão e inclui, por exemplo, a retirada dos postes e da chamada rede morta de eletricidade e reparos no novo chafariz. As outras duas etapas são o embelezamento da Via del Vino e áreas no entorno da praça. Estas necessitam de contrapartida.

Biblioteca ainda é só um projeto

Outro projeto que seria custeado com recursos federais e que também causou divergências entre a comunidade foi a construção da Biblioteca Pública na praça Centenário. Segundo a coordenadora de projetos da prefeitura Lenice Sberse Nery, o prédio ainda é apenas um projeto, já que ainda não há garantia de que o município será contemplado, pois a proposta está sob análise. “Estamos em fase de apresentação de documentação exigida, que vai desde projeto arquitetônico a documentos de plano de trabalho”, comenta. Na mesma situação se encontra o Centro de Alto Rendimento para esportes, que seria erguido junto ao Estádio Montanha dos Vinhedos.

Rua Coberta será rediscutida com a comunidade

A instalação de uma Rua Coberta em Bento Gonçalves dividiu opiniões no ano passado por conta, principalmente, do local escolhido para a obra: um dos lados da rua Marechal Floriano e parte da praça Walter Galassi, no Centro. Com isso, a obra não saiu do lugar. Agora, com a entrada de 2013 e a posse da administração do prefeito Guilherme Pasin, a intenção é rediscutir o local da Rua Coberta com a comunidade. 

Conforme a coordenadora de projetos da prefeitura Lenice Sberse Nery, é preciso avaliar o que a comunidade quer, mas também levar em consideração as exigências feitas pelo governo federal para a liberação da verba para a obra. A escolha da Marechal Floriano pela antiga administração se deu por critérios técnicos, incluindo a necessidade de ser em uma área central.  “Se a comunidade entender que não existe um local adequado o município pode desistir do projeto”, comenta. 

A verba federal para a obra é de R$ 1,2 milhão, com contrapartida de R$ 96 mil do município. O recurso só pode ser empregado para esta finalidade e caso haja desistência o município deixará de receber o dinheiro.  O projeto já foi aprovado pelo governo federal, mas ainda não foi dado um prazo para o início das obras.

Reportagem: Carina Furlanetto


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