Prejuízos com a seca ultrapassam R$ 14 milhões

A chuva que caiu na semana passada – um total de 26 milímetros – não foi suficiente para reverter os prejuízos causados pela seca na região. Em Bento Gonçalves as perdas ultrapassam os R$ 14 milhões. A estimativa foi calculada pela Emater, com base nos preços médios das culturas. A seca fez com que o prefeito de Bento Gonçalves, Roberto Lunelli, decretasse situação de emergência no interior do município na última semana. Os danos para as lavouras se somam aos da chuva de granizo que atingiu a região no dia 14 de dezembro. 

Conforme dados do setor de meteorologia da Embrapa Uva e Vinho, entre os meses de novembro e dezembro de 2011 o volume de chuvas foi de cerca de 89 milímetros no município (sendo apenas 17 milímetros em novembro), enquanto a média normal seria de 170 milímetros por mês. As autoridades estimam que mais de 2,1 mil famílias foram atingidas e tiveram prejuízos.

De acordo com o técnico da Emater, Thompsson Didoné, em alguns pontos do município as perdas causadas pela seca foram maiores. “Não podemos generalizar. Em determinadas localidades de São Pedro, Pinto Bandeira, Tuiuty e Vale dos Vinhedos os agricultores não estão sentindo tanto os efeitos”, comenta.

Uma das regiões mais atingidas pela estiagem em Bento Gonçalves foi o distrito de Faria Lemos. Avelino Reginato é um dos agricultores que sofreram prejuízos com a seca na localidade. Dos 5,5 hectares de uva de sua propriedade, ele calcula a perda de 40%. “Se continuar sem chuva vai piorar”, prevê o agricultor. Segundo ele, na localidade choveu pouco na última semana. “A situação é de chorar, mas infelizmente não há muito o que fazer”, lamenta Reginato. 

Prejuízo de R$ 11 milhões nos parreirais

A viticultura teve 15% da produção atingida, segundo a Emater, com prejuízo de R$ 11 milhões. A expectativa de produção de uvas é de 17 toneladas por hectare. Na projeção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) as perdas nos parreirais da região foram maiores. A estimativa é de que a safra deste ano tenha uma quebra de 20%. “A metade das perdas são em consequência do granizo que atingiu os parreirais no Estado. A outra metade é por conta da estiagem”, afirmou, em nota, o presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle. A colheita deste ano deve somar de 560 milhões a 600 milhões de quilos de uva, na projeção do instituto.

Frutas e milho atingidos

A cultura com maior porcentagem de perdas foi a do milho, com 80% da safra comprometida devido ao baixo volume de chuvas. Dos 800 hectares de área plantada, 640 foram atingidos. A expectativa de produção é de 700 quilos por hectare, contra 3,5 toneladas esperadas inicialmente. “Independente da quantidade de chuva que cair nos próximos dias o prejuízo é irreversível”, avalia. Os dados revelam ainda que a fruticultura teve perda de 20% e a olericultura, de 35%.

Seca não alterou qualidade da uva

Mesmo sem a seca e o granizo, já era previsto que a safra de uva deste ano fosse menor do que a do ano passado, a maior da história no Estado. É comum que as parreiras não produzam a mesma carga em anos consecutivos. Embora a quantidade seja menor, a tendência é que as frutas tenham qualidade. Nas últimas semanas algumas variedades de uva já começaram a ser colhidas e atestaram a previsão. “A seca fez com que fossem registradas poucas doenças em virtude de fungos, já que eles precisam de umidade. A uva que está sendo colhida apresenta boa sanidade”, explica Didoné. A qualidade das próximas variedades a serem colhidas será influenciada pelo clima. “Tudo vai depender da quantidade de chuva nos próximos dias. Muita chuva pode favorecer o aparecimento de fungos e rachar os grãos. Pouca chuva pode melhorar a qualidade e a quantidade.”


Carina Furlanetto

 

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