Presidente desabafa: “Eu me sinto traído”
Paciente e cortês, o presidente do Esportivo, Luis Oselame, é um gentleman no dia a dia com os funcionários do clube e profissionais da imprensa. Quando o assunto é o caso Márcio Chagas, no entanto, não consegue disfarçar a inquietude e indignação com o que considera uma história de traição e injustiça. Traição das pessoas que insultaram o ex-árbitro e sentimento de iniquidade diante de uma pena sem antecedentes no futebol brasileiro.
Nessa entrevista ao SERRANOSSA, o mandatário do alviazul desabafa sobre esses e outros motivos do desassossego. Seja qual for a decisão do STJD, que deverá ser conhecida no final de maio, o prejuízo já é irreversível.
SERRANOSSA – Há uma estimativa do prejuízo já acumulado, independente da decisão do STJD?
Luis Oselame – De concreto, sem pensar na queda para a segunda divisão, estimamos no mínimo R$ 135 mil com custas de tribunal, advogado, recursos e mando de campo perdido, o que nos deixa muito decepcionados com pessoas que não poderiam fazer isso, incluindo a nossa torcida. Não podemos esquecer que perdemos três pontos por conta dos danos ao veiculo, três pontos pelo racismo na entrada ao campo e outros três pelos atos de racismo na saída de campo. Ou seja, foram seis pontos tirados por causa daquelas idiotices na beira do gramado. Pode ser que se o veículo não tivesse sido danificado, não iria dar em nada, mas como deu, perdemos seis pontos por conta daquilo. Isso nos deixa muito tristes com a nossa torcida, muito tristes mesmo, porque agora não tem nenhum corajoso para gritar no mesmo tom de voz: fui eu. Não tem, então temos que segurar esse pepino. Isso me deixa muito triste, eu me sinto traído. É traição, não tem outra explicação.
SERRANOSSA – A continuidade do futebol no segundo semestre depende desse julgamento?
Luis Oselame – Por enquanto, a ideia de jogar continua em pé. Mas é claro que se a decisão for negativa, se essa pena for mantida, naturalmente faremos uma revisão dos detalhes que representam despesas, entre eles a participação na Copinha. Mas hoje eu diria que vamos jogar, o Esportivo possivelmente vai ter que cumprir perda de mandos de campo, então a Copinha viria a calhar também para isso.
SERRANOSSA – Qual é a sua perspectiva sobre o julgamento do STJD? Está otimista?
Luis Oselame – Estou otimista, porque eu quero crer que lá, um pouco afastado do clamor e principalmente da força que a imprensa fez aqui, eu acho que lá vão acabar julgando pelo o que está escrito. Não foi 4 a 0 na primeira instância, nem 8 a 0 na segunda, foi tudo bem equilibrado, então acho que eles julgarão com um pouco mais de tranquilidade a questão técnica. Essa é a nossa expectativa, caso contrário será uma grande decepção de novo.
SERRANOSSA – Caso a decisão do Pleno do TJD seja mantida, há a possibilidade de o clube recorrer à justiça comum?
Luis Oselame – Olha, somos um clube de futebol. O Esportivo vai esgotar as instâncias do esporte, a princípio não pretendemos recorrer à justiça comum, a não ser que o Conselho Deliberativo entenda diferente, porque esse presidente não entende assim. É para isso que existe a justiça desportiva, apesar de a gente estar decepcionado com o que viu aqui. Foi uma decepção muito grande, julgar sem olhar tecnicamente o que está escrito na lei, foi pela emoção. Eles podem fazer um misto disso, mas não podem ficar cegos ao que está escrito na legislação, nos códigos disciplinares.
Investigação interna
Ainda prossegue a investigação sobre o caso Márcio Chagas, com o depoimento de pessoas convocadas pela Polícia Civil. Até o momento, há suspeitos apenas das injúrias proferidas ao ex-árbitro.
Segundo Oselame, o clube também realiza uma apuração interna para ajudar na investigação sobre os danos provocados ao veículo de Chagas, considerando que, a princípio, apenas funcionários do clube poderiam ter acesso ao local onde estava o carro.
O Esportivo já colaborou com a Polícia anteriormente apresentando os nomes de dois suspeitos de terem ofendido o ex-árbitro. Ambos prestaram depoimento e negaram as acusações, relatando que foram apenas xingamentos normais.
Reportagem: João Paulo Mileski
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