Presos do RS iniciam greve de fome pela vacinação contra a COVID-19

A partir desta segunda-feira, 03/05, os presos do Rio Grande do Sul iniciam uma greve de fome como forma de reivindicar a prioridade na campanha de vacinação contra a COVID-19 no Estado. Conforme informações repassadas pela Comissão Intersetorial Carcerária de Bento, o movimento foi articulado pelos próprios apenados e também será realizado na Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves. Além da greve de fome, os presos estão se organizando para não fazer qualquer movimentação interna, sem saída para pátio. 

“Na semana passada os presos do Presídio Central fizeram um documento, inclusive com a ajuda da administração da casa, para o Governo do RS, solicitando a prioridade na vacinação deles”, relata a presidente da Comissão, Lisiane Pires. “Sempre colocaram os presos como prioridade, mas dessa vez o grupo ficou para trás”, lamenta. 

Ainda segundo Lisiane, no documento enviado para o governo Estadual os apenados manifestam apoio à prioridade da vacinação dos professores e, na sequência, dos presos. “Não é apenas uma questão de prioridades, existe a questão técnica. Devido à aglomeração e o ambiente dos presídios, há uma proliferação muito rápida do vírus. E as casas prisionais podem se tornar incubadoras”, pontua Lisiane. “A vacinação dos presos deveria ser uma preocupação muito maior dos administradores municipais, porque é questão de saúde pública”, continua.

Nesta segunda, 03/05, e terça-feira, 04/05, representantes das comissões, juntamente com familiares, deverão se manifestar em frente às casas prisionais do Estado. Na quarta-feira, 05/05, está marcada uma manifestação em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre.

A greve de fome deverá perdurar até que o Estado se posicione sobre o assunto.

Outros movimentos solicitando a prioridade na vacinação das pessoas privadas de liberdade haviam sido registrados ao longo do mês de março, diante de surtos em diversas casas prisionais. Na ocasião, a secretaria de Saúde de Bento explicou que os apenados estão inclusos nos grupos prioritários, mas atrás daqueles que já foram ou estão sendo vacinados, dos trabalhadores da educação, pessoas com deficiência permanente e severa, forças de salvamento e segurança. “Depois entram os funcionários de penitenciárias e, na sequência, a população privada de liberdade”, citou a secretária Tatiane Fiorio.