Preteou o olho da gateada

Gateada é como chamam, no meio campeiro, aquela égua de cor esverdeada, ou entre o amarelo e o vermelho. Ou seja, indefinida. Outros dizem, e para mim me parece mais lógico, que se refere aos olhos do animal, quando esses ficam entre o amarelo e o vermelho, semelhantes ao de um gato, e que, em determinadas situações, quando ficam pretos, é que o animal está em situação delicada.

Por isso que, quando a pessoa se encontra em uma situação complicada ou delicada, costuma-se dizer que “preteou o olho da gateada”. Pois bem, para nós, hoje, não é só a bandeira preta, no distanciamento controlado, a situação mais determinante.
Para alguns, como eu, sinto que “preteou o olho da gateada” mesmo. Explico: eu sempre acreditei no vírus. Eu sempre soube que ele existe! Eu mesmo sou um defensor de todas as medidas que possam mitigar os efeitos de sua disseminação. Porém, eu nunca acreditei na segunda onda. Quando se falava em segunda onda; em lock down na Europa, em Londres ter fechado tudo, no fato de a Irlanda estar multando as pessoas na rua, nos italianos estarem tendo que ficar novamente em casa, eu não acreditava que isso mais uma vez aconteceria aqui.

Fui, portanto, um incrédulo, principalmente pelo fato de o risco da segunda onda chegar no verão, quando é calor, quando as janelas estão abertas, as pessoas estão de férias e, por isso, não precisam se aglomerar nos mesmos horários nos restaurantes, mas poderiam fazer horários alternativos ou, ainda, comer em casa, desenvolvendo a arte da culinária, pela qual sou um apaixonado, deixando de desenvolver ela ainda mais na medida em que a minha barriga também não para de se desenvolver, na mesma proporção.

Ledo engano o meu… Em férias, as pessoas esqueceram-se do vírus ou acreditaram que ele mesmo estava de férias. Durante o período de Carnaval, mesmo não tendo havido Carnaval ou festividades oficiais, os encontros, as aglomerações, as baladas, os bloquinhos, continuaram a acontecer. As pessoas permaneceram na mesma onda de diversão e alegria, como se nada estivesse acontecendo. Mesmo em menor proporção, as pessoas mantiveram os mesmos costumes vindos dos outros anos. Mesmo, inclusive, do ano passado, quando já existia a ameaça do vírus, e que foi ignorado, até onde me consta, sendo essa a única conclusão que posso atingir.

Assim, preteou, sim, o olho da gateada para mim, particularmente, com a bandeira preta, com o avanço que se viu no número de mortes nos últimos dias. Não acreditei na segunda onda. Agora, porém, ela veio. Por sorte, ao que parece, nossos administradores locais estão sabendo surfá-la muito bem, mantendo os serviços funcionando e as pessoas ativas, de maneira protegida e controlada, de modo a evitar que as atividades essenciais e o mundo pare de vez, mais uma vez!

Sorte a nossa!

Até a próxima!
 

Apoio: