Previsão é de safra na medida

O diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, anunciou no início da semana que a previsão do setor é de que não haverá safra excedente em 2013, contrariando projeções iniciais que apontavam para este resultado. Segundo Paviani, haverá quebra de safra de 10%, conforme levantamento efetuado pelas entidades do setor.

“Não haverá safra excedente. No ano passado tivemos uma safra de 700 toneladas e neste ano a quebra será de 10%, o que ajudará a escoar a uva sem maiores problemas e a equilibrar o estoque de vinho”, disse Paviani.  Procurando acalmar os ânimos de agricultores e indústria, após uma previsão inicial de que neste ano a safra teria, aproximadamente, mil toneladas de uva excedente, entidades declararam que, inicialmente, o prognóstico era preocupante. No entanto, avaliando todos os fatores neste último mês, chegou-se à conclusão de que não haverá maiores complicações. “Há 30 dias, parecia que o problema seria grande. Hoje, as novas análises estão dizendo que, em virtude da qualidade da uva e da quebra da safra, não teremos problemas de comercialização, mas, mesmo assim, se houver, o governo federal estará emparceirado com o setor para contruibuir da melhor forma possível”, declarou o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário Marcos Regelin Posto.

Segundo o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Isopo Porto, desde 2012 as entidades do setor realizaram diversas reuniões para que pudessem divulgar com o máximo de precisão os números da safra. “Eu diria que, principalmente, para tentar desfazer um sentimento de frustração e até de especulação. Até os últimos dias eu ressaltava que ainda era muito cedo para falar em excedente, uma vez que a safra estava apenas começando“, afirma. 

Boa qualidade e mesmo preço

De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento da Agricultura de Bento Gonçalves, Thompson Benhur Didoné, em termos de qualidade, até o momento, a safra tem apresentado excelente sanidade com graduação apropriada, devido ao calor intenso e poucos dias de chuva. “Na segunda-feira estive avaliando parreirais na Linha Demari e Linha Ferri, no distrito de Faria Lemos. Aparentemente teremos ótimos produtos. Mas é claro que, se chover 4 a 5 dias consecutivos, esse quadro pode se reverter”, salienta.  

O preço mínimo do quilo da uva mantém-se em R$ 0,57. O que muda é o acréscimo de percentual maior de ágio na tabela utilizada para pagamento ao produtor. Para cada grau babo superior aos números de referência, o produtor receberá 7,5% a mais em vez dos 5% aplicados em 2012. No entanto, se os níveis de açúcar forem inferiores aos 15 graus na uva Isabel, o produtor sofrerá um deságio. 

Essas medidas visam elevar gradativamente a qualidade de cada safra, promovendo uma maior conscientização dos agricultores. “Para termos um vinho, espumante ou suco de qualidade, a matéria-prima tem que fazer jus. Por isso demos esse passo extremamente importante para a melhoria da qualidade da produção”, afirma Silvio Isopo Porto, que sinaliza o aumento de 10% do ágio para 2014.

Sindicato espera que safra seja absorvida

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza, Inês Faguerazzi, visitará as vinícolas para reforçar a necessidade de garantir estabilidade aos produtores. “Acreditamos nas entidades que garantem a absorção de toda safra pelas vinícolas. Nesta semana, faremos uma visita às vinícolas parceiras para reforçar esse tratado. Estamos confiantes e esperamos que nossos agricultores possam concluir o trabalho sem complicações”, afirma. 

O diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani, reconhece que as uvas com graduação inferior a 15 talvez não tenham colocação por não se enquadrarem no documento assinado no dia 17 de dezembro, em Flores da Cunha. “É uma situação divulgada já há algum tempo e se alguém disser que não sabe é porque não está trabalhando dentro do setor vitivinícola”, sentencia. O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Isopo Porto, afirma que o descarte de uma parte da produção é natural em qualquer atividade. “Às vezes o que ocorre é uma tempestade em copo d’água.”

Estimativa da safra no RS

2013: cerca de 670 mil toneladas
2012: 630 mil toneladas
2011: 696 mil toneladas
Estoque da última safra: 300 mil toneladas (vinhos, espumantes e suco)

Próxima reunião

Uma nova reunião entre os diferentes elos da cadeia produtiva está marcada para o dia 29 de janeiro. No encontro, serão apresentados os dados atualizados da safra.

Reportagem: Priscila Boeira


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.