Primeiro mundo, a pouco mais de uma hora

Confesso que sou daquele tipo que só acredita vendo. E quando se trata de situações que envolvem decisões e ações políticas, eu só acredito vendo e tocando. Pois tive que morder a minha língua depois de transitar pela BR-448, a Rodovia do Parque. Pisquei os olhos várias vezes para ter certeza de que não era algum tipo de miragem, como nos desenhos animados que se passam no deserto. Em pleno Rio Grande do Sul uma rodovia ampla, iluminada, sinalizada, sem buracos ou desníveis? É de se duvidar.

Pois ela existe. E começa, para quem segue de Bento Gonçalves em direção à região metropolitana, logo depois de Sapucaia do Sul. Além da estrutura, digna de primeiro mundo, placas informam que a obra é ecologicamente correta e que os 22,34 quilômetros dos três primeiros trechos foram construídos inteiramente com recursos públicos. 

A extensão parece pequena, mas faz uma diferença enorme como alternativa de deslocamento. Segundo o Ministério dos Transportes, a rodovia absorve 40% dos 160 mil veículos que se amontoavam até então somente pela BR-116 por pura falta de opção. E, mesmo assim, não há lentidão ou congestionamento. À noite, outra surpresa mais do que agradável. A BR-448 é totalmente iluminada, um oásis em meio ao caos das estradas gaúchas.

Além de reduzir acidentes e melhorar o acesso e a circulação entre os municípios, a novíssima estrada representa também um grande potencial econômico para o Estado, já que a Região Metropolitana de Porto Alegre é o terceiro polo industrial do país e é por onde passa a maior parte do escoamento de produção do Rio Grande do Sul que, por sua vez, tem na Serra um de seus pilares econômicos. As empresas daqui terão uma redução nos custos de transporte e ganho de tempo em função da facilidade de acesso à metade Sul, onde está o porto de Rio Grande.

E se você acha que depois de toda essa constatação positiva haverá uma notícia ruim, ledo engano. Na edição 449 você confere uma entrevista com o presidente da Cics Serra, Ademar Petry, que diz que a entidade está lutando para deixar a situação ainda melhor para quem mora na região, através de um prolongamento entre a parte média da Rodovia do Parque até o município de Portão, o que eliminaria a necessidade de passar por algumas cidades da Região Metropolitana saturadas em termos de trânsito. Ele mantém os pés no chão, comportamento típico de quem está habituado a lutar por causas coletivas e a ouvir, na mesma proporção, desculpas esfarrapadas e promessas vazias há duas décadas. Mesmo assim, detalha que a ideia é que neste ano sejam feitos os levantamentos técnicos, ambientais e financeiros para que, em 2015, seja aberto o processo licitatório e a obra comece no segundo semestre. O prazo oficial, do Dnit, é de dois anos, ou seja, o prolongamento deve estar concluído entre julho e dezembro de 2017. Continuo sendo adepta de São Tomé, mas tomara que eu tenha que morder a minha língua mais uma vez.

Para quem está acostumada a transitar (ou tentar) por rodovias como a RSC-470, RSC-453 e ERS-444, a Rodovia do Parque é simplesmente fantástica.


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