Primeiro trimestre é marcado pelo aumento na criminalidade em Bento Gonçalves

Alguns dos principais índices de criminalidade em Bento Gonçalves subiram na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O número de furtos ou arrombamentos de residências e estabelecimentos comerciais, furtos de veículo e roubos a comércio, por exemplo, apresentaram alta. Por outro lado, o número de roubos a residência, a pedestre e de veículo diminuíram. Mas o que mais chama a atenção nos três primeiros meses de 2016 é a quantidade de homicídios: já são 11 – em 2015, foram cinco no mesmo período –, além de um latrocínio. Apesar dos esforços da polícia, a omissão ou mesmo o medo das testemunhas tem dificultado os trabalhos para identificar os autores dos crimes.

Uma das ocorrências que registrou um aumento significativo foi a de furtos ou arrombamento de estabelecimentos comerciais. Enquanto em janeiro, fevereiro e março de 2015 ocorreram 12 casos, de 1º de janeiro a 26 de março deste ano o número já chega a 28, uma elevação de 133%.

Em menor escala, o número de furtos de veículo no período também avançou: passou de 73 em 2015 para 98 neste ano. “O crescimento da criminalidade tem sido um fenômeno nacional e, em nossa cidade, não é diferente. Creio que existe uma conjugação de fatores que culminam nessa ‘onda’ de insegurança que vivemos. Começa com a crise de autoridade, em que os filhos não respeitam os pais, não respeitam os professores e, logo, se tornam adolescentes infratores em potencial. Neste contexto, pesa também o enfraquecimento das instituições que labutam no segmento de segurança pública, corroborado com a legislação bastante flexível e um sistema prisional que não recupera ninguém”, avalia o capitão Reni Onírio Zdruikoski, subcomandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat).

Ele destaca, ainda, que essa situação tem aumentado o sentimento de impunidade. “Nas pessoas de bem, causa descrédito na Justiça e, nos delinquentes, fomenta a sensação de que podem praticar crimes, que ‘não dá nada’”, lamenta. Nos primeiros 86 dias do ano, 99 pessoas foram presas em Bento, por diferentes crimes, e cinco armas foram apreendidas.

Homicídios

Com mais do que o dobro de ocorrências que no ano passado, e bem acima dos anteriores, o número de homicídios em 2016 chama a atenção. De 1º de janeiro a 30 de março, já são 11 assassinatos e um latrocínio (roubo seguido de morte), além de um bento-gonçalvense morto por brigadianos após uma perseguição policial em Caxias do Sul. “Não se descarta a possibilidade de ligação de alguns crimes, inclusive com os ocorridos em 2015, devido às semelhanças. Porém, ainda não temos indícios suficientes para atestar”, explica a delegada Maria Isabel Zerman Machado, titular da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP).

Ainda de acordo com a delegada, em grande parte, os assassinatos praticados em Bento Gonçalves possuem ligação com o tráfico de drogas, seja por desavenças de pontos de venda de entorpecentes, dívida ou traição – entretanto, em alguns casos, a investigação não avança devido à falta de provas e de testemunhas que queiram depor. “Necessitamos de informações que possam ajudar a identificar o autor do fato. Elas podem ser repassadas de forma anônima, e nós garantimos o sigilo da identidade da testemunha. O que não podemos é deixar que o caos se instale na cidade de vez. A maioria dos homicídios foi em locais com movimentação de pessoas e não conseguimos nenhuma testemunha”, observa Maria Isabel.

Quem souber de alguma informação que possa ajudar a Polícia Civil a elucidar os casos pode entrar em contato pelos telefones (54) 3452 2500 e (54) 8433 6936 (WhatsApp), da 1ª DP; (54) 3452 7003  e 9191 5428 (WhatsApp), da 2ª DP; através do número 197; ou diretamente nas delegacias.

Morte após fuga e perseguição policial

Dia 4 de fevereiro – Caxias do Sul: o jovem bento-gonçalvense Lucas Raffainer Cousandier, de 19 anos de idade, morreu após ser baleado na cabeça durante fuga de uma abordagem policial, em Caxias do Sul. Os três policiais militares envolvidos na morte de Cousandier foram presos dias após o crime e poderão ser expulsos da corporação, pela acusação de terem alterado a cena do crime, alegando que Cousandier e outros dois amigos teriam disparado antes contra a guarnição. Emerson Luciano Tomazoni, Gabriel Modesto Ceconi e Devilson Enedir Soares foram encaminhados para o Presídio Policial Militar, em Porto Alegre.

Foto: Reprodução Facebook

Latrocínio no Ouro Verde

Dia 29 de fevereiro – Rua Isidoro Cavedon, bairro Ouro Verde: o comerciante Artemio Trevisan, de 66 anos, foi morto por dois clientes, enquanto trabalhava, dentro de seu bar. Segundo testemunhas, a dupla estaria no local desde as 10h, ingerindo bebida alcoólica e jogando sinuca. Por volta do meio-dia, eles teriam ido até o balcão onde Trevisan estava e solicitado mais fichas e bebidas. O comerciante exigiu que eles pagassem a conta primeiro, momento em que um deles sacou uma arma e atirou várias vezes. Antes de fugir, a dupla ainda teria levado o dinheiro que havia no caixa. O caso está sendo investigado pela equipe da 2ª DP.

Foto: Divulgação