Professores, diretores e pais pedem retorno das aulas presenciais em Bento

Centenas de manifestantes se reuniram no fim da tarde de quinta-feira, 15/04, em frente ao Fórum de Bento Gonçalves, a fim de reivindicar o retorno da bandeira vermelha e a consequente retomada das aulas presenciais opcionais no RS. O movimento estadual “Lugar de Criança é na Escola”, que deu origem à manifestação em diversas cidades gaúchas, foi criado por um grupo de pais no Estado, contando com o apoio de professores. Vestidos com roupas pretas e amarelas, da cor do movimento, os manifestantes realizaram uma passeata pela Planalto, reunindo professores, diretores, pais e estudantes. 

A iniciativa no município foi organizada pela Associação Bento-gonçalvense das Escolas de Educação Infantil da Rede Privada (Abeipar). Conforme a presidente da entidade, Taiane Deconto, o objetivo é conquistar apoio do governo Estadual, Municipal e do Ministério Público. “Somos um dos únicos setores que está fechado, mesmo com as flexibilizações, e isso é uma vergonha. As escolas são as primeiras a fechar e as últimas a abrir”, disse. “Já provamos em seis meses que as escolas não são vetor de transmissão, nem para as crianças, nem para os professores. Esses seis meses em Bento tivemos 0,08% de contaminação nas escolas e esse número veio de crianças ou funcionários que tinham familiares doentes, então a contaminação não foi dentro das escolas”, reiterou Taiane.


 

O governo do Estado entrou na Justiça contra a suspensão das aulas presenciais determinada ainda em fevereiro pela juíza Rada Maria Metzger Kepes Zaman, da 1ª Vara da Fazenda Pública do Foro de Porto Alegre, após ação movida pelo Cpers-Sindicato e pela Associação de Mães e Pais pela Democracia (Ampd). Na segunda-feira, 12/04, a juíza Cristina Luísa Marquesan da Silva, decidiu manter a suspensão das aulas presenciais no Rio Grande do Sul durante a vigência da bandeira preta. O Estado ainda aguarda atualizações sobre o processo ajuizado no STF no dia 05/04, solicitando a suspensão das decisões judiciais e demais atos que impedem a retomada das atividades de ensino presenciais.

Dessa forma, por conta dos trâmites jurídicos, os manifestantes engajados em todo o RS acreditam que a melhor solução seja o retorno do Estado à bandeira vermelha, a qual possibilita a retomada das aulas presenciais. 


 

“A maior dificuldade é que os pais estão trabalhando e precisam deixar seus filhos nas casas de avós, tios, e até mesmo professores. E também essa falta de convivência tem prejudicado as crianças, que têm um vínculo muito afetivo com as escolas, tanto com os professores, quanto com os colegas”, comentou a professora de Educação Infantil, Janaina Pedro, durante a manifestação. A professora ainda destacou a dificuldade do aprendizado à distância, principalmente para os alunos das séries iniciais. “Meu menino está no primeiro ano, em plena alfabetização, e eu sou ‘profe’ e tenho essa dificuldade com ele, porque nem sempre ele quer fazer comigo. Ele diz que eu não sou a 'profe' dele”, lamentou a Janaina. A educadora também citou o aumento de casos de ansiedade entre crianças e o risco do fechamento de instituições particulares como fatores que têm preocupado a classe durante a suspensão das aulas.

A mãe Denise Pazini esteve na manifestação para reivindicar o direito de sua filha Letícia, de apenas um ano, poder voltar para a escola. “No início do ano ela começou toda adaptação [na escolinha]. Agora está sendo uma perda enorme de aprendizado, de convivência com outras crianças. E está sendo complicado conciliar emprego e família”, desabafou. 


 

Semanalmente, o governo do Estado anuncia a nova classificação das regiões do Estado sempre às sextas-feiras. Dessa forma, o grupo espera que as mobilizações em todo o RS possam surtir efeito ainda nesta sexta-feira, 16/04, com a troca da bandeira preta em todo o Estado, para a bandeira vermelha. O anúncio deve ocorrer até o fim da tarde. 

Fotos: Eduarda Bucco/SERRANOSSA