Aos 75 anos, Danilo Bussoloto não passa despercebido por onde anda. Seu visual, com longa barba e cabelos brancos, revela o trabalho que adota por apenas dois meses, mas suficientes para mantê-lo atarefado e satisfeito por tempo equivalente a um ano inteiro.
Ele atuava como vigilante do Museu do Imigrante quando foi convidado para ser Papai Noel no L’América Shopping por um funcionário do estabelecimento, com quem jogava bolão. “Eu disse ‘vamos tentar’. Eles compraram a roupa e uma barba postiça”, lembra o aposentado. O adorno foi a única coisa que o incomodou no primeiro Natal em que trabalhou. Segundo ele, as crianças puxavam a “barba de mentira” a todo momento, fazendo com que precisasse ajeitá-la constantemente.
Feliz com o resultado, Bussoloto resolveu deixar a barba crescer para os anos seguintes. Há quase uma década, entre novembro e dezembro, ele posa para fotos com crianças e adultos, recebe cartas e pedidos de presentes e ouve inúmeras histórias. “Lembro de uma mocinha de nove anos que, quando perguntei o que queria ganhar, disse que nenhum brinquedo, apenas que seu pai voltasse para casa. Fiquei sem saber o que dizer”, recorda.
As reações dos pequenos com o bom velhinho, contudo, vão de um extremo a outro. O Papai Noel diz que há os que chegam correndo de braços abertos, desde que o enxergam de longe, e os que se agarram nas pernas dos pais e não querem nem chegar perto dele.
Em todos esses anos, sua agenda de final de ano tem sido apertada. Somente nesta semana, encarnou o personagem duas vezes em Salvador do Sul e uma em Caxias, além de Bento Gonçalves. Na noite de Natal, data mais requisitada por famílias e entidades, entregará presentes em 17 residências e eventos. O último trabalho do ano será no dia 25, no passeio de Maria Fumaça.
O aposentado garante que pretende seguir como Papai Noel por muito tempo. “Adoro fazer isso. É muito bom ver a felicidade das crianças”, conclui.
(Fotos: Priscila Pilletti e Jorge Bronzato Jr.)