Projeto da Serra será tratado como piloto no país

Por mais que, objetivamente, ainda não tenha avançado, principalmente nos encaminhamentos para a elaboração do projeto executivo, a proposta do trem regional que interligará cinco municípios da Serra Gaúcha – com os pontos principais em Bento Gonçalves e Caxias do Sul – pode dar um importante passo em abril de 2014. Daqui a quatro meses, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresentará ao governo federal o resultado das discussões de um ano dos grupos de trabalhos estabelecidos pelo órgão em março deste ano para debater a reativação do transporte ferroviário de passageiros. Na ocasião, o trecho local será defendido como piloto para abrir a retomada nacional, por ser o mais avançado.

A garantia de que a região terá prioridade foi dada pelo assessor da Diretoria Geral da ANTT e coordenador dos grupos, José Queiroz de Oliveira, na última quinta-feira, 12, durante audiência pública sobre o assunto realizada na Fundação Casa das Artes. Em contrapartida, Oliveira cobrou que as lideranças serranas agilizem, junto à bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, a inclusão de emendas que destinem recursos, que podem chegar a R$ 5 milhões, para realizar o plano de execução. “Nós temos todas as condições para isso, basta vontade e decisão política. É claro que o Rio Grande do Sul quer o trem, mas precisamos de mais esse esforço, tratar como uma política de Estado. Isso será um marco no país”, destaca. O encontro também resultou na elaboração de uma carta aberta à Presidência da República, solicitando a inclusão do projeto no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

O trabalho interno na ANTT abrange diversos setores, como a indústria, e também trata de questões importantes que foram deixadas de lado com o abandono do transporte de passageiros em décadas anteriores. Uma delas é a definição de novas normas técnicas para o funcionamento do serviço. “Teremos que reconstruir absolutamente tudo, não apenas a estrutura, mas também legislação e financiamentos. Mas não desanimem, é algo que demora mesmo, mas que já esteve muito mais longe do que está hoje”, completa Oliveira.

Viabilidade

Durante a audiência, o engenheiro Rodolfo Carlos Nicolazzi Philippi, representante do Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reapresentou os estudos de viabilidade técnica, econômica, financeira, social e ambiental. As análises já haviam sido divulgadas oficialmente em maio, em Caxias, e indicam a necessidade de investimentos de cerca de R$ 6,5 milhões para cada um dos 60 quilômetros contemplados. “O material rodante, por premissa, seria de responsabilidade da iniciativa privada. Ao governo caberia a implantação da estrutura, que precisa de uma revitalização praticamente total”, explica Philippi.

O prefeito Guilherme Pasin tratou o trem regional como “um sonho que está muito próximo”. “Ele é a salvação de um projeto de integração regional”, avalia. Para o prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves, a implantação traria mais agilidade e comodidade aos passageiros que hoje se deslocam entre as cinco cidades, em ônibus ou automóveis particulares, e por estradas muitas vezes precárias. “O trem é mais seguro e, principalmente, respeita horários, o que é algo muito importante”, conclui. A estimativa é de que a viagem entre Bento e Caxias dure cerca de uma hora, com paradas de dois minutos em estações secundárias e oito minutos nas de ponta.

O projeto

A possibilidade mais concreta é de uma rota com uma linha principal de 45 quilômetros, unindo Bento e Caxias, e passando por Farroupilha. Nesse caso, seriam construídos 33 novos quilômetros de malha ferroviária e aproveitados 12 da atual. Garibaldi e Carlos Barbosa se conectariam ao sistema por meio de um ramal de integração, com outros 15 quilômetros.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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