Projeto da UCS-Carvi vence prêmio nacional
Um trabalho desenvolvido por dois estudantes do curso de Engenharia Elétrica do Campus Universitário da Região dos Vinhedos da Universidade de Caxias do Sul (UCS-Carvi) foi o grande vencedor da 4ª edição do Prêmio Caixa de Projetos inovadores. A cadeira de rodas controlada por movimentos cervicais, rendeu aos alunos egressos Emílio Batista e Oscar Mattia um prêmio de R$ 10 mil.
O projeto de final de semestre foi desenvolvido com apoio dos professores Alexandre Mesquita e Angelo Zerbetto Neto, dos cursos de Engenharia Mecânica e Eletrônica e concorreu com outros dois trabalhos: “Eko-Bloco: artefatos de cimento confeccionados com resíduos da construção e demolição (RCD)”, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, que ficou em 2º lugar e ganhou um prêmio de R$ 5 mil; e “Utilização de geossintéticos como reforço de estradas não pavimentadas: influência do tipo de reforço e do material de aterro”, da Universidade de Brasília (UnB), que ficou na 3ª colocação, com um prêmio de R$ 3 mil. Os resultados foram conhecidos na noite do último sábado, dia 26, em Londrina, no Paraná.
A cadeira de rodas criada no Carvi possibilita que pessoas tetraplégicas (que perderam o movimento a partir do pescoço) possam utilizar o equipamento apenas movimentando a cabeça. Para que isso fosse possível, foi utilizado um sensor (acelerômetro), acoplado a um capacete e à própria cadeira.
O grupo que criou a cadeira comemorou o prêmio e enfatizou que, graças ao ensino de qualidade do campus da UCS em Bento, foi possível desenvolver o projeto. “É um reconhecimento muito grande para os cursos de Engenharia Elétrica e Eletrônica do Carvi. O prêmio demonstra a excelência da UCS nessa área”, ressaltou o professor Angelo Zerbetto Neto. O engenheiro Emílio Batista, que esteve em Londrina recebendo o prêmio em nome do grupo, descreveu o reconhecimento como um grande fator motivador. “Para nós é uma satisfação ter ganhado um prêmio de âmbito nacional. A premiação contempla todo o esforço e aprendizado que tivemos durante a graduação em Engenharia Elétrica. Também demonstra o potencial do curso. Ela nos incentiva a continuar desenvolvendo novos projetos”, descreveu. O valor do prêmio será utilizado para investir no aperfeiçoamento do mecanismo.
O professor explica que os materiais utilizados na montagem têm baixo custo. “A adaptação, através de controle de movimentos pela cervical, é mais barata que uma cadeira motorizada que utiliza o sistema de joystick. A cadeira ainda conta com unidade de processamento (microcontrolador), que aciona os comandos da cadeira. É possível realizar um movimento de cada vez. Se a pessoa movimenta a cabeça para frente, ela vai para frente. Se ela quiser virar à direita ou à esquerda, basta movimentar a cabeça para o lado. Isso possibilita que ela possa olhar ao redor, sem que a cadeira gire”, explica.
Pré-seleção
O projeto foi desenvolvido pelos alunos como trabalho final de duas disciplinas. A cadeira esteve exposta durante a 8ª Feira Eletromecânica e Construção Civil, realizada entre os dias 24 e 27 de abril deste ano, na sede do Senai, em Londrina, no Paraná. Foram inscritos 14 projetos, mas apenas três selecionados para a etapa final do Prêmio Caixa, entre eles o desenvolvido em Bento Gonçalves. “No final do semestre surgiu o evento e os alunos decidiram participar. Nós, como professores, apoiamos a ideia e realizamos, junto com eles, algumas adaptações no projeto inicial. Muitas pessoas se envolveram no trabalho. Também contamos com a doação de materiais de várias empresas parceiras da universidade”, detalha Zerbetto.
Integração
Conforme o professor, a criação da cadeira aproximou ainda mais os alunos das engenharias elétrica e mecânica. “Em parte da montagem foi necessária a instrução de profissionais da Engenharia Mecânica. Esse projeto somente deu certo por causa do espírito empreendedor dos alunos aqui do Carvi. Desde o início do curso, o aluno tem a possibilidade de criar e utilizar os laboratórios da universidade para desenvolver seus projetos, mesmo que não sejam de alguma disciplina específica”, comenta Zerbetto.
A coordenadora do Colegiado do Curso de Engenharia Elétrica, Marilda Machado Spindola, destaca que, durante o curso de Engenharia, em qualquer uma das habilitações, os alunos são incentivados a descobrir que são capazes de realizar, pesquisar e desenvolver projetos inovadores.
Os alunos
Os alunos Emílio Batista e Oscar Mattia terminaram o curso de Engenharia Elétrica em dezembro do ano passado. Batista trabalha em uma empresa de componentes elétricos. Mattia é bolsista Capes do curso de mestrado em Engenharia de Automação e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina.
Patente
O estudo desenvolvido para adaptação da cadeira teve pedido de registro de patente, em nome da UCS, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O produto ainda não foi testado por nenhum portador de necessidade especial. “Até o momento foram realizados apenas testes no laboratório de pesquisa, ainda não realizamos o teste de campo. Nossa preocupação maior é que ela funcione adequadamente, antes de ser comercializada no mercado. Estamos aguardando o contato de alguma empresa que esteja interessada”, diz o professor.
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