Projeto em elaboração na Câmara busca viabilizar despoluição do Lago Fasolo

Câmara de Vereadores, prefeitura municipal, Corsan e entidades do município estão em constante discussão para resolver a situação do Lago Fasolo, demanda de décadas dos moradores dos bairros Progresso, Maria Goretti e entornos. O local tem sido utilizado como descarte de resíduos tóxicos, esgoto e lixo em geral, causando mortandade de peixes e mau cheiro. Por conta disso, diversos movimentos físicos e nas redes sociais foram criados solicitando medidas urgentes. Entretanto, Corsan e prefeitura afirmam esbarrar em dois problemas: o fato de o espaço ser uma propriedade privada e de algumas residências no entorno terem sido construídas sem autorização da administração municipal e, consequentemente, sem algumas obrigações como fossa séptica. Conforme informações da secretaria de Governo, das 119 residências que rodeiam o lago, apenas três possuem o Habite-se, “portanto estão regularizadas e atendem ao regramento exigido”, disse o secretário Henrique Nuncio. 


Foto: Eduarda Bucco
 

Por conta disso, alguns vereadores de Bento se reuniram para criação de uma Frente Parlamentar para encontrar maneiras de possibilitar a despoluição do lago e sua revitalização como espaço de lazer – com área de caminhada, pedalinho, quadra de esportes, entre outros. Entre as ações, está a elaboração de um projeto de lei complementar para transformar a área, que já é uma Área de Proteção Permanente (APP), em Zona Especial de Interesse Social 1. Com isso, mesmo sendo uma propriedade particular, Corsan e Poder Público poderiam investir no local. “A Corsan já tem o valor liberado para fazer a despoluição, só precisa da permissão. Existem dois projetos para o local, um para construir uma estação de tratamento de esgoto e outro uma canalização”, comenta o relator da Frente Parlamentar, José Antônio Gava (PDT). 

Segundo o gerente da Corsan de Bento, Marciano Dal Pizzol, o projeto para despoluir o lago está pronto e será licitado “tão logo houver a solução da situação”. 

O projeto de lei complementar na Câmara de Vereadores ainda está em elaboração, mas deve ser finalizado nos próximos dias. No momento, os vereadores afirmam que estão se reunindo com lideranças e entidades para escutar diferentes opiniões sobre o assunto. 

A Frente Parlamentar em Defesa do Lago Fasolo é composta pelos vereadores Agostinho Petroli (MDB) – Presidente; José Antônio Gava, (PDT) – Relator; e Membros: Eduardo Pompermayer “Duda”( DEM); Thiago Fabris (PP) ; Edson Biasi, (PP)  e Rafael Luiz Fantin “Dentinho” (PSD).

“Temos que fechar as janelas por causa do mau-cheiro” 


Moradora Angélica Giuriatti acompanhada da filha, Bianca Giuriatti. Foto: Eduarda Bucco
 

A maioria das famílias que reside no entorno do Lago Fasolo acompanhou de perto todas as falhas tratativas do Poder Público para resolver a poluição do lago. Conforme relatado pela família Giuriatti, que mora no endereço há pelo menos 25 anos, ainda na época do governo Alcindo Gabrielli, foi construída uma fossa para atender as casas no local. Entretanto, a estrutura foi projetada de maneira errônea e não suportou o esgoto das construções, invadindo os banheiros das residências. “O problema aqui é o nível da água, que atrapalha a construção de fossas”, comenta a moradora Angélica Giuriatti. 

Ainda segundo a família, todas as casas do entorno, das quais eles têm conhecimento, possuem regularização junto à prefeitura, ao contrário do que é relatado pelo Poder Público. “Aqui não tem casas invadidas, todos os terrenos são legalizados. Na época que construímos aqui nos deram o Habite-se e nós temos escritura”, afirma a mãe de Angélica, Maria Giuriatti. “O que falta é vontade política”, desabafa o marido de Maria, Alcir Giuriatti. 

Enquanto a situação não se resolve, a família continua precisando deixar as janelas fechadas por conta do mau-cheiro e dos mosquitos. “No verão, quando os peixes começam a morrer, o cheiro fica muito forte e não dá para aguentar os mosquitos”, relata Angélica. “Nós não precisamos de um parque de lazer, nós precisamos que o lago se mantenha limpo. Isso já é suficiente”, finaliza.